A dívida de Minas Gerais com a União alcançou neste mês a marca de R$ 70 bilhões. Apesar de o endividamento dos estados ter sido apontado como prioridade pelas bancadas parlamentares dos estados devedores em 2013, a proposta de recalcular os empréstimos não entrou em vigor. Um novo acordo firmado entre parlamentares, governadores e o governo federal prevê que a mudança seja votada na primeira sessão deliberativa do Senado, em fevereiro. O estado de São Paulo continua com a maior dívida do país, com valores que giram em torno de R$ 195 bilhões.
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Renegociação forma 80% de dívida de estados, diz relatorMudança no indexador de dívidas de estados e municípios está ameaçadaLíder do PT no Senado espera votar na quarta renegociação das dívidasO projeto que tramita no Congresso Nacional estabelece mudanças na forma de cobrança da dívida. Apresentado pelo governo federal em dezembro de 2012, depois de muitas cobranças feitas pelos governadores, o texto foi aprovado em outubro na Câmara dos Deputados e seguiu para o Senado, onde foi aprovado, em dezembro, nas comissões de Constituição de Justiça (CCJ) e Assuntos Econômicos (CAE). A proposta altera o indexador atual – IGP-DI, mais os juros – para o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) mais 4% ou a taxa Selic, o que for menor a cada mês. Dessa forma, os estados poderiam reduzir os juros e passariam a diminuir mensalmente o montante devido à União.
A renegociação das dívidas dos estados e municípios poderá gerar economias de cerca de R$ 460 bilhões nos próximos anos, com a redução dos montantes acumulados desde a década de 1990. Para Minas, se a nova regra para calcular a dívida estivesse valendo no ano passado, o governo estadual teria economizado mais de R$ 2 bilhões no saldo devedor.
ULTIMATO No Rio Grande do Sul, que tem uma dívida de mais de R$ 42 bilhões, o governador Tarso Genro (PT) condicionou sua candidatura à reeleição à aprovação do projeto que altera o índice de correção. O estado devia em 1998 um montante de R$ 9,2 bilhões e até o final de 2012 tinha desembolsado R$ 19,3 bilhões para quitar o débito. Ao fazer um balanço sobre sua gestão no final de 2013, Genoíno reclamou que o débito limita a capacidade de atuação dos governadores, que acabam impedidos de colocar em prática seus projetos.
“Se o projeto da dívida não for aprovado antes das eleições, não sou candidato. Não porque não quero servir ao meu partido, é que o próximo governador vai fazer apenas o que estamos fazendo agora, manter os projetos em andamento e pagar salários. Sou militante político, tenho projeto, uma utopia, vontades programáticas de avançar, fazer o estado crescer. Se esse projeto não for aprovado isso não vai ocorrer”, disse Tarso Genro.
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Indexadores
De iniciativa do Executivo, o Projeto de Lei Complementar 99/13 troca o indexador das dívidas estaduais: passará do Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Além disso, reduz os juros, dos atuais 6% a 9% ao ano, para 4% ao ano. A proposta estabelece ainda um limitador dos encargos, a taxa básica de juros (Selic). Isso significa que quando a fórmula IPCA mais 4% ao ano foi maior que a variação acumulada da taxa Selic, a própria taxa básica de juros será o indexador.