Brasília – Um dia depois de o PT nacional usar a página oficial do partido em uma rede social para classificar o presidenciável e governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), de “tolo”, “playboy mimado” e “candidato sem projeto, sem conteúdo e sem compostura política”, no ataque que inaugurou a baixaria na pré-campanha, o PSB respondeu no mesmo tom. Em nota, acusou o PT de conduzir o debate pré-eleitoral de forma “desrespeitosa, patética e desqualificada”. A resposta foi postada na manhã dessa quarta-feira na página oficial de Campos na mesma rede social utilizada pelos petistas. De acordo com líderes do PT, a metralhadora foi disparada em reação às constantes críticas que o pessebista faz na internet à gestão da presidente Dilma Rousseff (PT).
Na tarde dessa segunda-feira, o vice-presidente do PT, Alberto Cantalice (RJ), admitiu ao Estado de Minas que o texto passou pelo crivo dele. “Sou o responsável pela mídia social do PT. Ficou na minha conta. Eu não desaprovei o texto.” Ele ressaltou, no entanto, que o conteúdo não representa uma posição oficial da sigla. “Só quem fala pelo PT é o presidente Rui Falcão. Todo dia, o Eduardo Campos posta porrada no governo da Dilma. Isso vai numa crescente. Nós não estávamos falando nada, mas a equipe das redes sociais resolveu fazer esse texto”, explicou. Nos bastidores, a avaliação de líderes petistas é de que o partido cometeu um erro ao polarizar com Campos e colocá-lo efetivamente na roda da disputa eleitoral.
Conforme Cantalice, responsável pelo setor de mídias sociais do partido, o time do PT na internet conta com dirigentes partidários e pessoas terceirizadas. Após a repercussão do caso, a legenda discutiu se a postagem seria deletada ou não. Até o fechamento desta edição, o texto, com mais de 1,6 mil compartilhamentos, permanecia no ar.
CARAVANA O político pernambucano tachou o texto petista de “ataque covarde” e afirmou que, “enquanto os cães ladram, a nossa caravana passa”. Já a nota publicada pelo PSB alega que o PT está sem rumo. “Fica evidente o desespero da direção do Partido dos Trabalhadores frente à discussão democrática do PSB em ter candidato próprio à Presidência da República em 2014.” A sigla rebateu a acusação petista de que “Eduardo Campos cresceu politicamente graças à expansão de programas como Projovem, Samu, Bolsa-Família, Luz para Todos, Enem, ProUni e Sisu”. “Alegar que o sucesso do governo de Pernambuco se deveu à ajuda federal é, no mínimo, ingênuo, pois tal ajuda se fez presente a todos os estados, inclusive aqueles dirigidos pelo PT, que não tiveram a mesma capacidade de formulação de projetos”, rebateu o PSB.
No texto postado na internet, o PT afirma que Campos “vendeu a alma à oposição” e também ataca a ex-ministra Marina Silva, que deve ser confirmada como vice na chapa do pernambucano ainda neste mês. “Em meio ao entusiasmo, Campos foi levado a colocar dentro de seu ninho pernambucano o ovo da serpente chamado Marina Silva, esse fenômeno da política nacional que, curiosamente, despreza a política fazendo o que de pior se faz em política: praticando o adesismo puro e simples.”
Na tarde dessa segunda-feira, o PSDB entrou na polêmica ao se solidarizar com Eduardo Campos e Marina Silva. Na página oficial do partido em uma rede social, a Executiva da legenda postou que “o governador de Pernambuco e a líder da Rede Sustentabilidade experimentam a face covarde e autoritária do ativismo petista”.
SEPARAÇÃO Aliados da presidente Dilma Rousseff afirmaram que, apesar de envolver um adversário político direto na disputa eleitoral de 2014, o governo não tem nenhuma relação com o episódio. A ordem no Palácio do Planalto é separar a comunicação institucional do Executivo das manifestações feitas pelo PT.
Os problemas ocorreram quando a legenda defendeu um ato de desagravo aos petistas condenados no chamado processo do mensalão durante congresso da legenda, no fim do ano passado. Na ocasião, o descontentamento da presidente ficou explícito nas imagens expostas nos telões. A saia justa foi tamanha que o porta-voz da Presidência, Thomas Traumann, precisou se reunir com integrantes da comunicação do partido.