PSTU, PSOL e PCB articulam em Minas Gerais uma frente de esquerda para as eleições de outubro. Nas últimas disputas, eles optaram por lançar candidatos próprios aos cargos majoritários. A intenção desta vez é unir as legendas na campanha pelo governo, Senado e também lançar chapa completa para deputado federal para tentar eleger representantes dos partidos no Legislativo. Nenhum deles tem deputados eleitos por Minas Gerais. A formação dessa frente é uma proposta que vem sendo defendida em outros estados e conta com o aval do comando nacional dos três partidos, mas enfrenta em nível nacional algumas resistências em função de disputas internas. O nome mais provável para encabeçar a chapa em Minas é o de Maria da Consolação, do PSOL, que ficou em terceiro lugar na disputa de 2012 pela Prefeitura de Belo Horizonte, com 54.530 votos, na frente da candidata do PSTU, Vanessa Portugal.
O presidente do PSOL no estado, Carlos Campos, disse que o partido tem interesse na criação da frente, mas afirma que ainda não há uma definição. Segundo ele, a legenda tem pré-candidatos ao cargo, mas o nome só vai ser discutido depois de selado o acordo. O partido deve fazer em fevereiro um encontro estadual para discutir eleições. “Há uma possibilidade grande de compormos essa frente. Estamos conversando”, afirma.Segundo Vanessa Portugal, presidente do PSTU mineiro que disputou também em 2010 o governo do estado, as conversas nesse sentido já começaram e devem ser intensificadas a partir da segunda quinzena deste mês. Caso a aliança não vingue, ela deve ser novamente a candidata do partido. “O primeiro passo é construir um programa de governo com alguns pontos comuns.” Entre eles, segundo ela, está a total independência em relação aos “partidos da burguesia”.
Túlio Lopes, secretário político do PCB, disse que houve um crescimento do desempenho dos três partidos na disputa pelo comando da capital, o que dá mais forças para a criação de uma frente socialista. Na eleição de 2012, o PCB indicou o candidato a vice na chapa do PSOL e o PSTU lançou candidato próprio. “Os partidos socialistas também tiveram um bom desempenho em cidades como Ipatinga e Uberaba, o que abre a possibilidade de elegermos deputados pela frente.”
Segundo Lopes, o PCB tem “total disposição” em se unir ao PSOL e PSTU nessa campanha. Ele avalia que, com a aliança, as legendas terão condição de lançar chapa completa para deputado. No dia 1º o partido vai promover um encontro em Belo Horizonte para tratar das eleições e também para lançar o nome de Mauro Iasi como pré-candidato a presidente da República.
Na disputa para o governo de Minas em 2010 as três legendas tiveram juntas 69,2 mil votos, o que corresponde a 0,7% do eleitorado, contra 6,2 milhões de votos do governador Antonio Anastasia (PSB). O candidato do PSOL foi o professor Luiz Carlos Ferreira e o do PCB Fábio Aparecido Martins Bezerra. A frente pode contar ainda com partidos de esquerda não registrados na Justiça Eleitoral – como o Partido Comunista Revolucionário –, além de entidades estudantis e movimentos sindicais.
Nome próprio
O Partido da Pátria Livre (PPL), que disputa este ano sua segunda eleição, pretende lançar candidato ao governo de Minas. De acordo com o presidente da legenda no estado, Francisco Rubió, o nome mais cotado é o do coronel reformado da Polícia Militar Severo Augusto, ex-chefe do policiamento da capital mineira, filiado ao PPL em setembro. Rubió disse que o coronel se colocou à disposição do partido para disputar o governo ou o Senado. Segundo ele, o partido caminha para apoiar a candidatura presidencial de Eduardo Campos (PSB), governador de Pernambuco, e, em Minas, pode lançar nome próprio para dar palanque aos socialistas, caso o partido decida não ter candidato ao Palácio da Liberdade. Para ele, é importante que a legenda monte uma chapa completa para divulgar sua proposta “nacional -desenvolvimentista”. “Se ficarmos escondendo nosso projeto debaixo da proposta de outras legendas, não vamos crescer”, afirmou Rubió.