Brasília - A presidente Dilma Rousseff decidiu deixar o Ministério das Cidades sob comando do PP, partido que já ocupa esse posto desde o governo Luiz Inácio Lula da Silva. O PMDB estava de olho na pasta, mas Dilma disse ao vice-presidente Michel Temer na noite dessa segunda-feira que essa cadeira não entrará na negociação com os partidos da base aliada na reforma ministerial a ser feita até março.
Além de Gleisi e do ministro da Saúde, Alexandre Padilha - que também deve sair em fevereiro, após acompanhar Dilma em viagem a Havana (Cuba) no fim do mês -, os outros auxiliares que concorrerão às eleições deixarão as pastas em março. Padilha será candidato do PT à sucessão do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB).
A disputa entre o PMDB e o PP, comandado pelo senador Ciro Nogueira (PI), ficou acirrada nos últimos tempos e incluiu até acusações mútuas de sabotagem para a liberação de emendas parlamentares. Além disso, o PP está de olho no Ministério da Integração Nacional, objeto de desejo do PMDB e responsável por uma das mais importantes obras do governo, a transposição do Rio São Francisco. Até setembro, a pasta estava sob influência do PSB, presidido pelo governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que deve disputa o Planalto contra Dilma.
Contemplar o PP tornou-se importante para a presidente por causa da propaganda eleitoral. Em 2010, o partido ficou neutro na disputa, mas desta vez o PT espera contar com o tempo de TV dos aliados.
Pretensões
Temer vai se reunir amanhã à noite com os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), e do Senado, Renan Calheiros (AL), e também com os líderes do PMDB nas duas Casas, para conversar sobre as pretensões do partido na Esplanada.
Dilma deve aceitar a indicação do senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) para ocupar a Integração Nacional, mas não quer saber de briga pelo espólio de Cidades. O atual ministro da pasta, Aguinaldo Ribeiro (PB), sairá da Esplanada porque vai concorrer à eleição para deputado federal, mas o PP continuará controlando a pasta - a única sob comando do partido.
“Haverá mais duas ou três rodadas de conversa com o PMDB sobre reforma ministerial”, afirmou o senador Valdir Raupp (RO), presidente do partido. “Não há pressão nem pressa.” Atualmente, o PMDB controla cinco ministérios (Minas e Energia, Previdência, Turismo, Aviação Civil e Agricultura). Deve sair da reforma com seis.