Jornal Estado de Minas

Dilma amansa a cúpula do PMDB com a reforma ministerial

Em reunião com Temer, a presidente afirma que reforma ministerial ainda não está decidida e que pensará sobre o assunto no fim do mês

Grasielle Castro Paulo de Tarso Lyra Denise Rothenburg
Depois de reunir-se com Dilma, Temer foi a jantar com partidários - Foto: Ronaldo de Oliveira/CB/D.A Press
Brasília –
Horas antes do jantar da cúpula do PMDB no Palácio do Jaburu, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com o vice-presidente Michel Temer e disse que ainda não bateu o martelo sobre a reforma ministerial e que só pensará sobre o assunto após o dia 29, quando retornará das viagens a Davos, na Suíça, e a Cuba. Na segunda-feira, a presidente avisou o mesmo Temer que não teria como ampliar o espaço do PMDB na Esplanada, o que, em tese, inviabilizaria a indicação do senador Vital do Rêgo (PB) para o Ministério da Integração Nacional.
A notícia irritou o comando partidário, que marcou para a noite de ontem um jantar com a presença dos presidentes do Senado, Renan Calheiros, e da Câmara, Henrique Eduardo Alves, os líderes no Congresso – Eduardo Cunha e Eunício Oliveira – e os cinco ministros do partido. Um deles, em conversa na manhã de ontem, reconheceu que o partido está fragilizado e com pouco poder de barganha. “Dilma está forte no Nordeste, onde Aécio Neves (PSDB-MG) e Eduardo Campos (PSB-PE) não conseguem avançar. Nós temos tempo de televisão para oferecer, mas ela já é bastante conhecida”, resumiu o ministro.

Esse mesmo integrante do primeiro escalão afirmou que o PMDB poderia diminuir a pressão pela Integração caso fosse contemplado com a Secretaria dos Portos, que virou um filão de recursos após as concessões para modernização do sistema. “Não tem nada decidido (quanto à indicação do senador Vital do Rêgo). Não queremos passar a impressão que estamos colocando uma faca no pescoço da presidente Dilma Rousseff”, minimizou o vice-presidente do PMDB, senador Valdir Raupp (RO).

Palanques

Enquanto a presidente Dilma negocia com o PMDB os espaços no governo, o presidente nacional do PT, Rui Falcão, viaja a partir de amanhã para discutir os palanques estaduais. Ele vai ao Ceará, a Alagoas, Bahia e Rio de Janeiro. Em todos eles, existem crises envolvendo o PMDB. Em pelo menos três, os problemas estão diretamente relacionados ao PT. No Ceará, o PT está negociando uma aliança com o governador Cid Gomes que pode isolar o candidato do PMDB ao governo local, senador Eunício Oliveira. Na Bahia, Geddel Vieira Lima deve concorrer ao Senado, deixando o ex-governador Paulo Souto (DEM) para enfrentar o candidato do PT, Rui Costa.

No Rio de Janeiro, o governador Sérgio Cabral ainda tenta uma aliança com o PT. Na segunda-feira, Temer foi ao Rio para almoçar com a cúpula do PMDB fluminense. Após o encontro, o presidente estadual Jorge Picciani, afirmou que a legenda poderia ceder ao PT a vaga para o Senado caso o partido decida apoiar a candidatura de Luiz Fernando Pezão ao governo do Rio. Raupp afirmou que o partido deverá lançar entre 18 a 20 candidatos aos governos estaduais em outubro. “Sobre a reforma ministerial, caberá à presidente avaliar o tamanho do PMDB para saber se merecemos ou não mais espaço na Esplanada.”