O Ministério Público Federal (MPF) pedirá ao governo federal pagamento de R$ 20 milhões aos povos indígenas Tenharim e Jiahui, na região de Humaitá, no sul da Amazônia. Para o MPF, a indenização por danos morais e coletivos é uma resposta aos danos ambientais, socioculturais e morais causados pela construção da Transamazônica (BR-230) em terras indígenas.
O procurador solicita ainda a instalação de um posto de saúde em seis meses e a realização de campanha de conscientização sobre os direitos dos povos indígenas para a população de municípios da região em 30 dias.
A ação é baseada em laudo elaborado pelo MPF em inquérito aberto ano passado para apurar a responsabilidade do Estado por violações de direitos humanos cometidos contra os indígenas durante a construção da rodovia, no período da ditadura militar. Segundo o relatório, o traçado da rodovia passou sobre locais considerados sagrados pelos índios e a chegada do homem branco foi responsável pela disseminação de doenças e por mortes. De acordo com o texto, os indígenas também sofreram com a degradação do solo e alteração dos cursos d'água, poluição atmosférica, despejo de lixo, redução da fauna, desmatamento e segregação das tribos.
Em dezembro, manifestantes incendiaram o prédio da sede da Funai em Humaitá e postos de pedágios montão pelos indígenas na rodovia, em protesto contra o desaparecimento de três moradores quando atravessavam área indígena. A suspeita era de que índios teriam sequestrado o grupo em represália à morte do cacique Ivan Tenharim, morto em acidente de moto na mesma rodovia. Os índios negam a responsabilidade pelo desaparecimento dos três moradores e dizem que a cobrança do pedágio é para compensar os danos causados pela construção da rodovia ao longo de 40 anos.