A presidente Dilma Rousseff está vendo a sua cruzada contra os juros altos ir por água abaixo. Além de o Banco Central aumentar, com maior vigor que o esperado, a taxa básica de juros (Selic) — o indicador já está em 10,50% ao ano —, os bancos elevaram, sem dó, os encargos cobrados da clientela em todas as operações de crédito. Também subiram os spreads, a diferença entre o que as instituições financeiras pagam aos poupadores e cobram dos devedores. Foram eles, os detonadores da guerra santa contra o sistema financeiro, iniciada por Dilma em um discurso realizado em 1º de maio de 2012, Dia do Trabalhador.
No pronunciamento em rede nacional de tevê, naquele 1º de maio de 2012, Dilma disse ser “inadmissível” o Brasil continuar com “um dos juros mais altos do mundo”, num recado direto aos bancos privados, que resistiam a baixar suas taxas, mesmo após seguidos cortes da Selic. Uma semana após essa cobrança da presidente, a Federação Brasileira de Bancos (Febraban) reagiu à pressão, insinuando que o recuo da taxa básica não chegaria, necessariamente, ao consumidor.