O diretório regional do PT aprovou oficialmente neste sábado, 18, o senador Lindbergh Farias (PT/RJ) como candidato ao governo do Rio de Janeiro. Com o lançamento da candidatura própria no Estado, a direção regional do partido determinou que deixará o governo de Sérgio Cabral Filho(PMDB) em 28 de fevereiro.
"A resolução que foi votada é que a partir de 28 de fevereiro se encerra a nossa participação no governo Cabral. A partir do 1º de março não haverá nenhum petista participando do governo Cabral", disse o presidente do Diretório Estadual do PT, Washington Quaquá.
A homologação da pré-candidatura de Lindbergh será feita em um encontro estadual, marcado para o dia 22 de fevereiro. No dia seguinte, o PT convocará um ato no Centro do Rio para o lançamento oficial da candidatura.
"No dia 23, vamos fazer a apresentação do nosso candidato em uma atividade que pretende reunir cerca de 10 mil pessoas no Centro do Rio, dando largada para a campanha", afirmou Quaquá. "Nunca fomos chamados, o PT, a discutir as grandes políticas do governo Cabral.
Fizemos parte (do governo) por conta de uma aliança nacional, fizemos parte em setores do governo onde demos nossa contribuição. Nunca fomos chamados a discutir a política geral", criticou. O presidente do PT do Rio estima que o PT participe do governo do PMDB no Estado com cerca de 600 a 700 cargos.
Segundo o presidente nacional do partido, o deputado estadual Rui Falcão (PT/SP), a saída do PT do governo no Estado não afeta em nada a aliança no âmbito nacional. Ele tentou tirar da decisão do PT do Rio o caráter de conflito com os peemedebistas.
"Não estamos rompendo com o PMDB, estamos, como em outros Estados em que o PMDB tomou a iniciativa, apresentando uma candidatura própria. Como em São Paulo, como em outros lugares onde há candidato do PMDB e do PT", disse.
Segundo Falcão, a reunião que oficializará a candidatura de Lindbergh será a primeira entre os diretórios regionais. "Vamos (fazer reuniões) de fim de fevereiro até abril. Até lá o pessoal do Maranhão vai se posicionar. Nós vamos acompanhar", declarou. Quanto à candidatura de Lindbergh no Rio, Falcão contou que é hora de definir as diretrizes do programa de governo e dialogar com os aliados e movimentos sociais e populares.
Lindbergh disse que o clima de embate com o ex-aliado PMDB dependerá da reação do partido. "Vamos tentar manter uma relação amistosa, mas vai depender muito do PMDB. O PMDB aqui do Rio reiteradas vezes age de forma truculenta", disparou.
Demora
A decisão de ontem encerrou um longo processo de discussão. Desde o segundo semestre de 2014 o PT do Rio tentava marcar uma data para deixar o governo Cabral, sem sucesso devido a pressões do PT nacional e pedidos de adiamento feitos pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com isso, o PT sairá da administração cerca de um mês antes da renúncia do próprio Cabral, que deve deixar o Palácio Guanabara no fim de março, possivelmente para concorrer ao Senado.
O PMDB local insiste em ter o apoio do PT para a candidatura do vice-governador Luiz Fernando Pezão à sucessão. Na última segunda-feira, a cúpula peemedebista fluminense pediu ao vice-presidente Michel Temer que intervenha nacionalmente para que a seção local do PT fique na aliança. Setores da legenda, que tem 15% dos delegados à convenção nacional do PMDB, ameaçam não apoiar a candidatura da presidente Dilma Rousseff à reeleição se os petistas não retribuírem com apoio a Pezão.