O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Fernando Pimentel (PT), pré-candidato ao governo de Minas, participou de solenidade da entrega de 66 caminhões-pipas para prefeitos de municípios mineiros castigados pela seca, nessa segunda-feira, em Montes Claros, no Norte de Minas, embora sua pasta nada tenha a ver com a concessão do benefício. Inserida no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC2), que virou uma das principais bandeiras da presidente Dilma Rousseff, a iniciativa foi coordenada pelo Departamento Nacional de Obras contra as Secas (Dnocs), vinculado a outra pasta ministerial, da Integração Nacional, que nem sequer foi lembrada na solenidade, tocada em clima eleitoral.
Além de deputados e dos próprios prefeitos beneficiados, a solenidade – que teve como grande ausente o ministro da Integração Nacional, Francisco José Teixeira – contou com as presenças de seis deputados federais da base da presidente Dilma (quatro deles filiados ao PT), que usaram o microfone para enaltecer os feitos do governo federal. Em seu discurso, Pimentel também destacou as realizações do governo Dilma, dando ênfase à justiça social, à distribuição de renda e à redução do desemprego. Ele teve o cuidado de não fazer referência direta a candidaturas. Mas, ao final, arrematou: “Estamos no rumo certo e tenho certeza que, neste ano, o povo brasileiro mais uma vez vai fazer a escolha certa para a gente continuar assim”.
Ainda em seu pronunciamento, o ministro do Desenvolvimento e pré-candidato alfinetou a oposição e aqueles que criticam o governo Dilma no que diz respeito ao controle dos gastos públicos. “Às vezes, vejo na imprensa pessoas dizendo ser preciso cortar os gastos públicos. Que se poderia arrecadar mais e gastar menos. Eu fico pensando: pode-se cortar gasto público desde que não cortem os programas de equipamentos para os municípios, que não cortem as cisternas e o (programa) Água para Todos; desde que não cortem o Luz para Todos, o Minha casa, minha vida; desde que não cortem o Pronatec e não cortem os recursos do SUS”, afirmou.
Ele acrescentou: “Se alguém tiver a receita para reduzir os gastos públicos e atender aquilo que quer o capital estrangeiro, tudo bem, nós agradecemos. Mas, se não tiver (a receita), vamos continuar com essa política, que cada vez mais traz renda e emprego para nossa gente e foi capaz de transformar o Brasil num país invejável”. Ao abordar o assunto em entrevista, o ministro se dirigiu à oposição. “É muito fácil para a oposição falar em equilíbrio fiscal – até porque quando (a oposição) esteve no governo não obteve equilíbrio fiscal. Agora, o governo está conseguindo juntar as duas coisas: equilíbrio fiscal e crescimento econômico com inclusão social.”
Durante a solenidade, realizada na sede regional do Dnocs em Montes Claros, foi feita a entrega de caminhões-pipas para 66 municípios do Norte de Minas. Também ocorreu a posse do novo coordenador regional do órgão em Minas, Gustavo Xavier, indicado pelo deputado estadual Paulo Guedes (PT), com o aval do próprio Pimentel, com quem Xavier já trabalhou. Após a sessão de discursos, os prefeitos subiram a um palco, para a entrega simbólica dos caminhões-pipas. Na verdade, foi entregue a cada gestor municipal uma réplica de uma chave, com a logomarca do PAC 2.
CANDIDATURA
Questionado em entrevista sobre o fato de presidir uma solenidade de um órgão vinculado a outra pasta ministerial, Pimentel justificou que os caminhões-pipas entregues aos prefeitos não representam uma ação exclusiva do Ministério da Integração Nacional. “(Os veículos) são dos ministérios conjugados da presidente Dilma. Esteve aqui a representante do MDA (Ministério do Desenvolvimento Agrário) e o Dnocs, que representa o Ministério da Integração Nacional. Além disso, os caminhões são fabricados pela indústria nacional, setor ligado ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior”, alegou. Ele disse também que não considerou o evento como uma atividade política. “Foi uma solenidade administrativa”, assegurou. Durante seu discurso, Paulo Guedes garantiu que o edital para a construção da Barragem Congonhas será publicado nos próximos dias.
Fernando Pimentel se esquivou de responder a perguntas em relação à sua candidatura ao governo do estado, evitando também comentar pesquisas que o colocam em primeiro lugar na preferência do eleitorado. “Ainda está muito cedo para a gente fazer uma avaliação. Ainda não me afastei do ministério. No momento certo vamos começar a falar sobre isso. Nós estamos aqui numa atividade de ministro. Isso aqui é uma atividade importante para os municípios da região. Ainda não é um momento eleitoral”, declarou. Ele disse que não sabe quando vai deixar o ministério para ser candidato ao governo de Minas. “A presidente Dilma ainda não definiu nada. Existe a possibilidade de que ela faça uma antecipação, que seria para o meio de fevereiro”, informou Pimentel.