Jornal Estado de Minas

Aloizio Mercadante está confirmado na Casa Civil e torna-se aposta do PT para 2018

A decisão teria sido tomada neste fim de semana, em uma conversa entre Dilma e Mercadante, que vai deixar o Ministéro da Educação, e referendada por Lula em reunião com a presidente

Aloizio Mercadante deixa o Ministério da Educação pela Casa Civil - Foto: Marcello Casal Jr/ABr Brasilia O ministro da Educação Aloizio Mercadante está confirmado no Ministério da Casa Civil, no lugar de Gleisi Hoffmann. O anúncio confirmando a indicação será previsto para logo após Gleisi voltar de férias, que deve acontecer na próxima sexta-feira. Mercadante vai ocupar um dos dois ministérios mais estratégicos, juntamente com o da Fazenda, e começa a ser visto como uma aposta do PT para a sucessão presidencial de 2018. Foi assim com Dilma e teria sido asssim com Antônio Palocci, ambos passaram pela Casa Civil. Pallocci não teve, no entanto, a mesma sorte de  Dilma, ao se

envolver em consultorias privadas enquanto integrava o governo de transição da então presidente eleita, que acabou aceitando o pedido de exoneração de Pallocci, que caiu no ostracismo desde então.
Antes de 2018, contudo, Aloizio Mercadante deverá consolidar o que vem ganhando desde que assumiu a Educação, a confiança da presidente. Nos bastidores do Palácio do Planalto, a informação é que levar Mercadante para a Casa Civil foi uma escolha pessoal de Dilma, com a aprovação do ex-presidente Lula, que nessa segunda-feira esteve reunido com Dilma para tratar da reforma ministerial e, ainda, da crise do PMDB com o governo federal - leia-se "apetite" dos peemedebistas por mais ministérios.

Filho de José Alencar

O ex-presidente Lula tem demonstrado que quer apadrinhar Josué Gomes da Silva (PMDB) o filho de seu vice, José Alencar (1931/2011) nas hostes da política. Com as bençãos de Lula, Josué deverá assumir a vaga deixada por Fernando pimentel, pré-candidato ao governo de Minas, no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Lula apadrinhou Josué quando da filiação ao PMDB, em outubro do ano passado, fazendo questão de estar no dia da ingresso, em companhia do vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB).

Josué preside a Coteminas e Dilma avalia que a experiência dele é fundamental para aproximar os empresários do governo. Representantes da indústria criticam a gestão Dilma e vários deles já se reuniram com Lula para expor as queixas ao que chamam de “centralismo” da presidente.

Debandada

Dez ministros devem deixar os cargos para concorrer às eleições. Na reforma, Dilma tenta uma equação que agregue apoio para conquistar o segundo mandato e desemperrar o que está parado na gestão. O anúncio das trocas na Esplanada será em fevereiro.

Mercadante despachou informalmente no gabinete da Casa Civil, no Palácio do Planalto, já que a atual titular, Gleisi Hoffmann, está em férias. Também petista, Gleisi deixará o cargo para disputar o governo do Paraná. Na vaga de Mercadante entrará o atual secretário executivo do Ministério da Educação, José Henrique Paim.

Mercadante também foi ao Palácio da Alvorada, residência oficial da presidente, para uma reunião de cinco horas da qual participaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma. A reforma ministerial foi um dos temas principais.

Pessoal


A presidente adotou como critério para as futuras trocas não apenas a ampliação do arco de alianças partidárias para a campanha da reeleição, mas também indicações de sua cota pessoal. Na prática, ela quer pôr em cargos estratégicos vários “gerentes” para tocar as principais áreas e mostrar serviço.

Após a disputa vitoriosa de 2010, Dilma compôs a equipe com nomes apadrinhados por Lula. Mas, dois anos depois da “faxina” que derrubou sete ministros suspeitos de corrupção, ela quer impor um estilo próprio ao governo. Tem, no entanto, enfrentado dificuldades, já que o PMDB do vice, Michel Temer, não se conforma em não ter o seu espaço ampliado, das atuais cinco para seis pastas.

O atual secretário da Saúde de São Bernardo do Campo, Arthur Chioro (PT), será ministro da Saúde. Chioro substituirá Alexandre Padilha, que deixará a pasta para concorrer ao governo de São Paulo pelo PT. Filho do vice-presidente José Alencar, Josué deverá assumir em fevereiro o Ministério do Desenvolvimento, hoje dirigido por Fernando Pimentel (PT), que deixará a pasta para concorrer ao governo de Minas Gerais.

Palanques estaduais


O encontro de Dilma com Lula também serviu para fazer um balanço sobre a montagem dos palanques estaduais. Dirigentes do PMDB já decidiram conversar com Lula, a partir da próxima semana, para expor as preocupações. Até agora, só há acordo entre PT e PMDB para três palanques: Distrito Federal, Pará e Amazonas.

O PMDB não deve ganhar o Ministério da Integração Nacional, que já foi controlado pelo PSB do governador Eduardo Campos, provável adversário de Dilma na eleição, mas pode ser “compensado” com outra pasta. Apesar dos protestos do PMDB, que quer emplacar o senador Vital do Rêgo (PMDB-PB) na Integração, Dilma vai oferecer ao partido a Secretaria de Portos.

No “xadrez” planejado pela presidente, o PMDB ganha Portos, mas perde o Ministério do Turismo, que deve ir para Benito Gama, presidente do PTB. A Integração fica sob comando do novo aliado PROS, do governador do Ceará, Cid Gomes, e o Ministério da Ciência e Tecnologia, hoje com o PT, pode ir para o PSD do ex-prefeito Gilberto Kassab.

A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, deve permanecer na equipe. Dilma conversou com o ministro da Pesca, Marcelo Crivella (PRB), que deixará o cargo para disputar o governo do Rio. Segundo a assessoria de Crivella, Dilma aceitou o pedido do ministro de ficar na pasta até abril, último prazo para candidatos às eleições deixarem os cargos. Dilma teria assegurado a Crivella que a Pesca continua com o PRB. O PT quer “puxar” o ministro para vice na chapa liderada pelo senador Lindbergh Farias na disputa fluminense, mas ele resiste.

Além de Lula, Dilma e Mercadante, participaram da reunião o ex-ministro Franklin Martins - que será coordenador de comunicação da campanha presidencial - e Giles Azevedo, chefe de gabinete do governo. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo (PT), também é cotado para integrar a equipe da campanha de Dilma.  (com Agência Estado)