A Executiva Nacional da Rede Sustentabilidade, movimento liderado por Marina Silva e que desde outubro do ano passado se abriga no PSB, divulgou nessa quinta-feira uma nota oficial em que sinaliza não ter se definido ainda em Minas Gerais em relação à aliança entre socialistas e tucanos e a sua estratégia eleitoral para concorrer ao Palácio da Liberdade. Na prática, a Executiva Nacional se desvincula da posição defendida por Cássio Martinho, coordenador do coletivo Rede Elo MG, que havia pregado, um dia antes, a “necessidade de romper com a hegemonia do PSDB em Minas Gerais”, defendendo uma “candidatura própria da coligação PSB/Rede” ao governo do estado.
“A Rede Sustentabilidade esclarece que o posicionamento sobre os palanques estaduais ainda está em discussão – inclusive no estado de Minas Gerais. A nota publicada ontem pelo grupo Rede Sustentabilidade Elo MG, afirmando seu posicionamento nas eleições estaduais, é a manifestação de filiados de Minas Gerais”, afirmou a Executiva.
O PSB integra o governo Antonio Anastasia (PSDB) e está na base aliada na Assembleia Legislativa. A hipótese do rompimento com tucanos não é considerada pela cúpula do PSB em Minas. O principal quadro da legenda, o prefeito Marcio Lacerda, foi reeleito em 2012 com o apoio do PSDB. Tucanos tampouco acreditam nessa hipótese: “O PSB é muito próximo ao PSDB em Minas e irá continuar assim. Faz parte do governo, tem sido aliado fiel, não tem clima para mudar”, afirmou o secretário-geral do PSDB, Carlos Mosconi.
Depois dos atritos entre os sonháticos e os socialistas de São Paulo, que armaram um cabo de guerra em torno da aliança pretendida pelo PSB para a reeleição do governador Geraldo Alckmin (PSDB), a Executiva Nacional da Rede Sustentabilidade procurou jogar “água na fervura” levantada também em Minas, deixando em aberto as definições políticas no estado, apregoadas pelos mais ideológicos.
CORDIAL A manifestação de Cássio Martinho pela Rede em Minas causou insatisfação no comando do PSB. O senador Aécio Neves, presidente nacional do PSDB e pré-candidato ao Palácio do Planalto, e o governador pernambucano, Eduardo Campos, também presidente nacional do PSB e pré-candidato à Presidência da República, têm mantido uma relação cordial, de olho num eventual segundo turno da disputa contra a presidente Dilma Rousseff (PT). Há um pacto de não agressão, assim como a busca de acertos nos estados em que as duas legendas são próximas. A nota divulgada ontem pela Executiva da Rede, classificando a manifestação de Minas como de “filiados”, foi mostrada a integrantes do PSB antes de divulgada à imprensa.
Desde que se amarrou ao projeto político do PSB, Marina Silva vem discutindo com Eduardo Campos as alianças nos estados. Há divergências em São Paulo, Minas Gerais, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro . O presidente do PSB, Júlio Delgado, defendeu a proximidade com o PSDB de tal forma a estabelecer pontes entre as legendas para enfrentarem um eventual segundo turno presidencial.