Dez anos após quatro auditores fiscais do Ministério do Trabalho serem mortos no crime conhecido como Chacina de Unaí, a Justiça ainda não conseguiu julgar os três homens considerados os mandantes do crime. Nesta terça-feira - data em que o caso completa uma década -, um ato público está programado para a frente do Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília. Os manifestantes pretendem entregar uma carta de protesto ao presidente em exércicio do Supremo, Ricardo Lewandowski, e ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot. O caso está parado na Corte desde o ano passado, por um pedído de vista do ministros Dias Tóffoli. Os servidores Nelson José da Silva, Eratóstenes de Almeida Gonçalves, João Batista Soares Lage e o motorista Ailton Pereira de Oliveira foram mortos em 28 de janeiro de 2004 na cidade localizada no Noroeste de Minas, durante fiscalização de denúncia de trabalho escravo.
No entanto, o julgamento de Norberto Mânica, também programado para o ano passado, foi adiado. O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, decidiu pela suspensão do julgamento - que estava previsto para ocorrer em Belo Horizonte -. após pedido da defesa do réu, acusado de ser o principal mandante da chacina. Além de Mânica, seriam julgados o cerealista Hugo Alves Pimenta e José Alberto de Castro.
No início de outubro do ano passado, a questão de onde será realizado o juri voltou a ser analisado pelos ministros do Supremo, mas o julgamento foi suspenso por um pedido de vista do ministro Dias Toffoli. Apenas dois ministros votaram. Marco Aurélio determinou que o processo seja julgado pela Comarca Federal de Patos de Minas (MG), jurisdição responsável pela região de Unaí. A ministra Rosa Weber votou pela manutenção do processo em Belo Horizonte. Nesta segunda-feira, a assessoria da Corte, informou que o ministro ainda não devolveu o processo e, por enquanto, não há previsão de quando isso ocorra. Ainda não foi marcada nova data para o caso ser apreciado pela Justiça.
A transferência do julgamento da capital para Unaí – local em que o crime ocorreu -, é rechaçada porque, no entendimento da defesa, os principais réus gozam de grande influência política e econômica na região.