A Comissão de Ética Pública da Presidência da República vai se posicionar hoje sobre o procedimento aberto para apurar a conduta da ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti. O Correio denunciou, no ano passado, que Ideli utilizou o único helicóptero da Polícia Rodoviária Federal (PRF) disponível em Santa Catarina, conveniado com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) para resgate de pacientes graves, em deslocamentos na sua base eleitoral. Quando a aeronave estava à disposição da ministra, a maca e o tubo de oxigênio eram retirados.
A ministra pode ser inocentada, sofrer apenas uma censura ou, na punição mais grave, ter a demissão sugerida. Ideli foi convocada a prestar esclarecimentos sobre o caso na comissão em novembro do ano passado. No início deste mês, após 90 dias de investigação, o Ministério Público Federal (MPF) em Joinville (SC) decidiu processá-la por improbidade administrativa. A ação será ajuizada em breve.
A conclusão oficial do inquérito civil é de que houve irregularidades na utilização do helicóptero. Na ação proposta, além de multa, o MPF cobrará da ministra o ressarcimento aos cofres públicos no valor inicial de R$ 35 mil, referente às seis horas e meia em que a aeronave estava voando. A quantia a ser ressarcida será bem maior, porque o cálculo final levará em conta o tempo em que o helicóptero estava parado à disposição da ministra.
A investigação apontou que ocorreram 52 acidentes com 73 feridos e dois mortos nas estradas do estado em pelo menos três dias em que a ministra utilizou a aeronave. Os dados que chegaram ao MPF de Santa Catarina são da própria Polícia Rodoviária Federal e fazem parte do Relatório Operacional Diário (ROD).