Jornal Estado de Minas

Juiz dá 24h para Pedro Henry explicar suposto segundo emprego

Ex-deputado não obteve autorização para manter jornada dupla de trabalho, mas denúncias indicam que ele teria dois empregos

Agência Estado
Após ter seu pedido para ter um segundo emprego negado pela Justiça, o ex-deputado Pedro Henry (PP-MT) foi intimado a explicar as denúncias de que estaria exercendo uma segunda profissão enquanto cumpre sua pena no regime semiaberto em Cuiabá (MT).
A decisão do juiz da Segunda Vara Criminal de Cuiabá, Geraldo Fidelis Neto, foi divulgada na quinta-feira, 30. Ele deu prazo de 24 horas para que Henry e seus empregadores expliquem sobre seus horários e atividades exercidas no trabalho. Caso seja identificada alguma irregularidade o juiz pode desautorizar o trabalho externo de Henry

"O penitente não é senhor de seu tempo, pois deve informar onde será encontrado e os respectivos horários ao Juízo da Execução Penal", destaca o magistrado na decisão. O magistrado também determinou prazo de 10 dias, a partir do recebimento da intimação, para que o condenado pague a multa de R$ 1,3 milhão.

Segundo a Secretaria de Segurança Pública do Mato Grosso (Seds), desde o começo da semana Pedro Henry voltou a atuar como médico legista do Instituto Médico Legal (IML) de Cuiabá. Ele é funcionário concursado do Estado desde 1987 e atuava como legista antes de se eleger deputado, em 1996.

A Secretaria não soube informar o valor do salário de Henry, pois seu pagamento ainda está sendo atualizado pelo órgão, já que ele ficou muito tempo afastado. Atualmente, o salário inicial de um médico legista no IML do Estado é de cerca de R$ 7 mil para uma carga horária de 40 horas semanais.

Em janeiro, após começar a trabalhar como coordenador administrativo do hospital particular Santa Rosa, a defesa do ex-parlamentar entrou com outro pedido de trabalho. Dessa vez, Henry pedia para trabalhar aos finais de semana no IML, cursar faculdade de fisioterapia e concluir sua pós-graduação em medicina hiperbárica. O pedido foi negado pela Justiça.

Cargo público

Mesmo com a condenação no mensalão, o ex-deputado não perdeu o cargo público e, segundo a Secretaria, por isso ele pôde retomar o emprego no IML. Cabe somente à Procuradoria-Geral da República solicitar a perda do cargo de Henry, o que não foi feito durante o julgamento do mensalão.

Dessa forma, além do cargo de coordenador administrativo do hospital particular Santa Rosa, ele estaria saindo à tarde para atuar como médico legista, das 13h às 19h.

Na autorização que obteve para trabalhar, a Justiça determinou que ele trabalharia das 7h às 17h no hospital Santa Rosa e deveria se reapresentar às 19h.

A defesa de Henry não foi encontrada pela reportagem para se manifestar sobre a decisão do magistrado.