Os candidatos, no entanto, não devem simplesmente ignorar calúnias. “Ignorar, nunca. Qualquer mentira pode virar um grande boato. E um grande boato pode derrubar uma campanha. Deve-se desmentir, com informações que sustentem a verdade”, diz o jornalista e publicitário Carlos Manhanelli, professor da Pontifícia Universidade de Salamanca, na Espanha.
Os analistas destacam, no entanto, que os candidatos não podem se esquecer de que a internet não é só espaço para ringue com adversários. “As manifestações trouxeram um peso maior à web. Ficou evidenciado que é espaço não só para o jogo político eleitoral, mas para a vida política em geral. As pessoas querem discutir mais do que a briga política na internet e os candidatos têm de trabalhar com isso”, diz Marcello Barra, sociólogo e pesquisador da Universidade de Brasília (UnB).
Barra e Manhanelli apontam a falta de interação como erro clássico dos políticos nas redes. “O primeiro instrumento surgido foram os sites, que, estáticos, só serviam para o candidato falar. Em seguida, veio o blog, que permitia comentários, mas muitas vezes moderados. Estamos na terceira onda: as redes sociais, espaço livre de manifestação de ideias. É necessário interagir.”
ATRASO Para Manhanelli, em termos de uso da internet, a presidente Dilma é a candidata mais atrasada em relação aos concorrentes. A petista reativou as redes sociais, porém não interage com os internautas. “Não faz sentido manter uma rede e não dar espaço para as pessoas conversarem. Apenas falar, nunca responder”, avalia o professor.
Franklin Martins, ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social no governo Lula, será o responsável pela campanha on-line de Dilma. O secretário de Comunicação do PT nacional, José Américo, diz que esta semana houve reunião em Brasília para começar o planejamento na web. “Nosso objetivo na rede, hoje, é divulgar os pontos de vista do PT, balanços e realizações do governo, mas um trabalho importante é desmentir boato. Por exemplo, existe uma invenção de que existe o movimento anti-Copa no Brasil e que a Copa do Mundo vai dar errado.”
Já a equipe de Aécio na internet será comandada pelo presidente do Instituto Fernando Henrique Cardoso, Xico Graziano. “A logística ainda está sendo preparada. Esperamos que a internet, um importante meio de fortalecer a democracia, seja bem usadas pelas campanhas”, diz o deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG). Aécio já começou a ampliar seus espaços, com o lançamento do site Conversa com os brasileiros, onde propõe debates sobre demandas do país.
A campanha de Eduardo Campos na web deve ser reforçada pela ex-senadora Marina Silva, que, em 2010, já investiu fortemente nas redes para se comunicar com o eleitor. “Estamos repaginando sites, blogs e perfis em redes sociais. Este ano esse movimento toma um corpo maior. Todos os que não tinham muita familiaridade com a internet estão tendo que aprender e atualizar sempre seus perfis nas redes sociais”, relata o deputado federal Júlio Delgado (PSB-MG).