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A médica cubana Ramona declarou ter decidido abandonar o programa ao descobrir que o salário pago aos profissionais de outras nacionalidades era de R$ 10 mil, valor que não teria sido informado pelas autoridades cubanas.
Segundo relato de Ramona, ela decidiu contatar a liderança do Democratas na Câmara depois de falar por telefone com uma amiga em Pacajá. Esta pessoa lhe teria dito que agentes da Polícia Federal estiveram na cidade paraense em busca de Ramona e também que o telefone da cubana estava grampeado. O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO), que chegou a levar a médica cubana ao plenário da Casa para denunciar o que chamou de "uso de trabalho escravo" pelo programa, disse que Ramona vai ficar instalada dentro do gabinete da liderança do partido enquanto o governo não deliberar sobre o pedido de asilo. Ela também colocou o espaço da liderança "à disposição" de outros médicos cubanos que queiram se asilar.
Caiado surpreendeu o plenário e deputados do PT chegaram a acionar de pronto o Ministério da Saúde para pedir mais informações. O próprio ministério foi pego desprevenido e enviou imediatamente assessores ao Legislativo.
Natural de Havana, Ramona Matos Rodríguez disse exercer a medicina há 27 anos, ter especialização em "medicina geral integral" e já ter participado de uma missão de médicos cubano à Bolívia. Ela levou à Câmara uma cópia do contrato para a sua atuação no Brasil. No documento, firmado entre Ramona e "La sociedad mercantil cubana Comercializadora de Servicios Médicos Cubanos" e com duração de três anos, Ramona aceitou ganhar o equivalente a US$ 400 mensais, depositados no Brasil, sendo que os demais US$ 600 seriam retidos em uma conta em Cuba. A médica cubana também alegou que recebia outros R$ 750 da prefeitura de Pacajá a título de auxílio alimentação e que a hospedagem era mantida pela administração municipal.
Ramona relatou ter chegado ao Brasil em outubro e ter participado, em Brasília, de um curso de capacitação do programa em suas primeiras semanas no País. Conheceu profissionais do Mais Médicos originários de locais como Argentina e Colômbia, momento em que tomou conhecimento do salário de R$ 10 mil pago pelo programa. "Em Cuba não se falou nada sobre isso. Me senti muito mal", relatou Ramona em coletiva de imprensa na sala do DEM. Diante disso, e somado ao fato do alto custo de vida em Pacajá para a remuneração disponível pelo programa, Ramona disse ter decidido fugir. Ela conta ter uma filha em Cuba e afirma temer por possíveis represálias do regime castrista contra ela. (com Agência Estado)