Clarissa ocupará cargo de assistente, em função comissionada DAS-6, com salário de R$ 3 mil mensais, no gabinete do conselheiro Carlos Correia, ex-secretário-geral do PDT-RJ. Lupi nega que a nomeação da filha tenha relação com negociações políticas. "A agência é comandada por pessoas que têm mandato, que nomeiam os assessores, não tem nada a ver com o governo do Estado. Tudo vem em cima de mim", reclamou.
Em nota, a Agetransp diz que "foi criada sob forma de autarquia especial da administração indireta, com plena autonomia administrativa, técnica e financeira" e que cada conselheiro pode nomear até quatro assessores. Os conselheiros são nomeados pelo governador. O PDT já tem duas secretarias no governo Cabral e condicionou o apoio a Pezão a uma vaga na chapa majoritária. Segundo Lupi, Cabral aceitou a condição e o mais provável é que um pedetista seja o candidato a vice de Pezão.
O SDD ficou com a Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos, cargo que o deputado estadual Pedro Fernandes ocupará por apenas dois meses. Em abril, Fernandes deixará o governo para disputar a reeleição na Assembleia Legislativa. O PSD recebeu a Secretaria do Ambiente, entregue ao ex-deputado Indio da Costa, que ainda não decidiu se também deixará o cargo em abril para disputar um mandato eletivo. As duas pastas eram ocupadas por petistas até o fim da aliança PMDB-PT.
Tanto o SDD quanto o PDT e o PSD tinham sido procurados pelo pré-candidato do PT ao governo, Lindbergh Farias, que agora vê reduzidas as opções de aliança. "O governo tem atrativos que nós não temos, os argumentos materiais são mais sedutores que os políticos e programáticos", provoca o presidente do PT-RJ, Washington Quaquá. Com adesão dos partidos à candidatura de Pezão, o PT procura avançar no diálogo com o PC do B, que lançou a pré-candidatura ao governo da deputada Jandira Feghali.
Para o cientista político Ricardo Ismael, da PUC-Rio, "neste momento prevalece o pragmatismo total". Por isso, diz, Cabral não teve dificuldades em atrair os três partidos para a candidatura de Pezão. Ismael critica o mandato relâmpago de dois meses para um secretário de Estado. "É um improviso, uma solução precária. É difícil imaginar que em dois meses se pode fazer algo. O governo usou a máquina para recompor alianças. Os partidos que chegaram vão ganhar visibilidade, estão apostando no curto prazo. Mais para frente verão se a candidatura de Pezão se tornou competitiva, o que, hoje, parece difícil", diz o professor.
Se as alianças fechadas até agora em torno de Pezão forem mantidas, o PMDB terá mais de oito minutos da propaganda de rádio e TV, enquanto o PT deverá ter em torno de quatro minutos. "É tempo mais suficiente Lindbergh fazer uma belíssima campanha. Pezão pode ter o dobro do tempo, mas Lindbergh é dez vezes melhor", diz Quaquá, que ainda acredita em mudanças até o início da campanha. "As alianças neste momento são muito voláteis, se o candidato não se viabiliza, todo mundo pula do barco", diz o presidente petista.
Além de buscar partidos para compor a chapa, Lindbergh também terá que pacificar o PT-RJ, onde ainda é grande a revolta dos que se opunham à saída do governo neste momento. O pré-candidato ainda não conseguiu a adesão à sua campanha de boa parte dos onze prefeitos petistas do Estado. Aliados de Pezão como o prefeito petista de Niterói, Rodrigo Neves, têm criticado o PT pelo fim da aliança com o PMDB. Na noite de segunda-feira, 3, o clima na reunião da executiva estadual foi tenso e o comando regional chegou a ameaçar de suspensão por dois meses o ex-secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira, por ter criticado o rompimento dos petistas com Cabral. Um grupo de moderados conseguiu evitar a punição.