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Estado de Minas

PMDB se desentende com Dilma e decide não indicar ministros

Bancada da legenda da Câmara se reúne a portas fechadas e decide não indicar nomes para a Agricultura e Turismo. Ministro diz que fica no cargo


postado em 06/02/2014 06:00 / atualizado em 06/02/2014 07:39

Antônio Andrade (PMDB-MG), ministro da Agricultura:
Antônio Andrade (PMDB-MG), ministro da Agricultura: "Os cargos são de escolha da presidente e o partido não tem como interferir. A bancada do PMDB não sofrerá nenhum prejuízo" (foto: Alexandra Martins/Agência Câmara - 6/2/13)

A bancada do PMDB na Câmara dos Deputados se rebelou ontem contra a presidente Dilma Rousseff e decidiu não mais indicar os substitutos para os ministérios da Agricultura e do Turismo, os peemedebistas Antônio Andrade (MG) e Gastão Vieira (MA), que devem deixar o comando das pastas para disputar a eleição. A intenção do partido era aumentar sua influência no governo com a reforma ministerial, ganhando mais uma pasta. Um acordo para que o partido indicasse o líder do PMDB no Senado, Eunício de Oliveira (CE), para o Ministério da Integração Nacional tentou ser costurado pelo Planalto, mas o partido recusou, pois o parlamentar é pré-candidato ao governo do Ceará. A indicação de Eunício resolveria o impasse com o PMDB e ainda seria um afago da presidente ao governador cearense, Cid Gomes (PROS), que tenta tirar o senador da disputa para indicar um nome de seu partido para a sucessão no estado. No lugar de Eunício, os peemedebistas queriam emplacar na pasta o senador Vital do Rêgo (PB).

A bancada fez uma reunião tensa na tarde de ontem, a portas fechadas, em uma das salas do plenário. Durante o encontro, sobraram críticas para Dilma, para o presidente da legenda, senador Valdir Raupp (RO), e até mesmo para o vice-presidente Michel Temer. O clima azedou mais ainda quando um gravador escondido foi encontrado dentro da sala. Sem descobrir quem tentava gravar a conversa, o aparelho foi quebrado.

Antônio Andrade disse, no entanto, que houve uma falha na comunicação e que o partido não será prejudicado. Segundo ele, caberá à bancada a sugestão dos nomes que vão ocupar os ministérios da Agricultura e do Turismo. Andrade disse ainda que não foi comunicado da reunião nem da decisão tomada pelos parlamentares. “Os cargos são de escolha da presidente e o partido não tem como interferir”, afirmou Andrade sobre mais um ministério. Ele garantiu que permanece na Agricultura até o prazo da desincompatibilização, em 5 de abril, ou pode sair antes se for desejo da presidente. “A bancada do PMDB não sofrerá nenhum prejuízo”, afirmou.

A ameaça de rebelião foi encampada pelo próprio presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Segundo ele, o partido vai continuar com o governo, mas não indicará nomes, deixando a presidente livre para compor da melhor maneira. Alves reclamou ainda que a discussão sobre cargos prejudica a imagem do partido. “As negociações não estão sendo bem conduzidas. As conversas provocaram distorções. Essa exposição de cargos para cá, cargos para lá, não foi bem costurada e está expondo o partido", disse.

CONVENIÊNCIA
A nota divulgada pela bancada após a reunião de cerca de três horas diz que o apoio ao governo está mantido, mas deixa clara a insatisfação ao “deixar a presidente à vontade para contemplar outros partidos em função das suas conveniências políticas e/ou eleitorais”.

O líder da bancada, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ironizou o clima da reunião, na saída, dizendo que teve que agir como “bombeiro” para evitar uma nota em tom mais acirrado. Cunha é visto pelo governo como um dos integrantes do PMDB mais críticos a Dilma.

O vice-líder do partido, Danilo Forte (CE), disse que, apesar de ter desistido dos cargos, a legenda não fará oposição ao governo no plenário da Câmara. “Não dá para enforcar o Michel (Temer)”, disse. “Mas não precisamos de ministérios que na prática nunca foram nossos”, completou.


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