Brasília - Formulada a princípio para garantir os aliados na campanha presidencial da reeleição da presidente Dilma Rousseff, a reforma ministerial emperrou tão logo o Palácio do Planalto começou a negociar sua segunda etapa, justamente a que trata dos espaços dos aliados. Irritados, os partidos resolveram ignorar o que consideram indiferença do governo com eles e avançaram as negociações dos palanques regionais com a oposição.
Tratam-se justamente dos Estados de onde são egressos alguns dos principais líderes do PMDB que estão insatisfeitos com o andamento da relação com o Palácio do Planalto. O presidente do Senado, Renan Calheiros, é de Alagoas. O da Câmara, Henrique Eduardo Alves, do Rio Grande do Norte. O ex-líder do governo no Senado, Romero Jucá, de Roraima. Assim como o atual líder da bancada no Senado, Eunício Oliveira, é do Ceará.
"O impasse contaminou a reforma e a aliança", disse o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), que liderou um movimento para que sua bancada não indicasse nenhum sucessor aos dois ministros que devem deixar o cargo para concorrer a deputado, Antonio Andrade (Agricultura) e Gastão Vieira (Turismo). Em seu Estado, as coisas já vinham mal e não há possibilidade de entendimento. O PT vai lançar o senador Lindbergh Farias ao governo numa solenidade no dia 24. O PMDB disputará a sucessão do governador Sérgio Cabral com o vice Luiz Fernando Pezão.
O vice-líder da bancada, Lúcio Vieira Lima (BA), também confirma a avaliação. "Percebemos que o PT quer reduzir o número de deputados do PMDB na próxima eleição. Desse modo, decidimos reforçar nossas alianças nos Estados, de forma a fazer uma bancada que nos dê força, pois concluímos que mais vale manter a força de um partido grande do que ter uma vice-presidência que nos torna fracos. No governo Lula não tínhamos a vice e tínhamos ministérios muito mais importantes. Com a vice, nossa força foi dividida por cem".
Em outro frente, o PMDB também aproveitou a paralisia da reforma para avançar em acordos em que já havia a tendência de estarem separados dos petistas. É o caso do Espírito Santo, que hoje caminha-se para uma aliança dos peemedebistas com o PSB do governador Eduardo Campos e do governador Renato Casagrande. Nesse caso, o ex-governador Paulo Hartung (PMDB) sairia candidato ao Senado.
No Piauí, o PMDB também praticamente fechou com a oposição. O candidato ao governo deverá ser o deputado Marcelo Castro (PI). O vice será do PSDB e o candidato ao Senado será o hoje governador Wilson Martins, que é do PSB. No Rio Grande do Sul o PMDB já decidiu que não apoiará a reeleição do governador Tarso Genro, mesmo que não lance candidato.
No desenho atual, as chances maiores de aliança entre as duas legendas se limitam a Amazonas, Distrito Federal, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais,Pará, Paraíba e Rondônia.
PP
O PP, terceiro maior partido da base aliada, é outro que aproveitou as últimas semanas para fechar acordos com a oposição. No último dia 30, o presidente do partido, senador Ciro Nogueira (PI), e o líder do partido na Câmara, Eduardo da Fonte (PE), reuniram-se com Eduardo Campos para acertar uma aliança em Pernambuco. Com isso, o senador Armando Monteiro, do PTB, aliado de Dilma, passaria a contar apenas com o apoio do PT, que em Pernambuco está rachado e perdeu quadros muito importantes para Campos, como o ex-deputado Maurício Rands, ex-líder petista na Câmara.
Ciro Nogueira disse nesta quarta que estão acertadas também alianças do PP com o PSDB em Goiás, onde Marconi Perilo terá de novo o pepista José Elito na vice, e no Amazonas, em que a deputada Rebecca Garcia abrirá palanque para Aécio Neves, com o apoio do prefeito Arthur Virgílio (PSDB). No Rio Grande do Sul, tanto PSDB quanto PSB tendem a fazer uma aliança com o PP, que lançará a senadora Ana Amélia ao governo do Estado numa disputa com o petista Tarso Genro.