Jornal Estado de Minas

Câmara quer agilizar a votação de um pacote de projetos com regras para as manifestações

Para especialistas, os parlamentares estão sendo oportunistas ao apresentar propostas para enquadrar atos que já são condenados pela Constituição e o Código Penal

Amanda Almeida

De carona na polêmica causada pela reação do Senado à violência nos protestos, a Câmara dos Deputados quer, agora, agilizar a votação de um pacote de projetos com regras para as manifestações.

A disputa por holofotes entre as duas Casas, no entanto, deve, mais uma vez, acabar sem resultados efetivos para a população. Para especialistas, os parlamentares estão sendo oportunistas ao apresentar propostas para enquadrar atos que já são condenados pela Constituição e o Código Penal.


O presidente da Comissão de Segurança Pública da Câmara, deputado Otávio Leite (PSDB-RJ), se reuniu ontem com o presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), para pedir um “cronograma de urgência” para a votação de 10 projetos sobre segurança em eventos. Há propostas praticamente iguais. Em suma, proíbem o uso de máscaras em protestos, preveem a obrigatoriedade de os organizadores avisarem sobre o evento às autoridades e criminalizam o vandalismo.


Para a advogada Fernanda Tórtima, a criminalização do vandalismo, proposta também feita pelo secretário de Segurança Pública do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, é desnecessária. “As condutas que poderiam ser tidas como atos de vandalismo ou de desordem já estão tipificadas na legislação penal. São crimes contra o patrimônio, de perigo comum, contra a pessoa.” O secretário-geral do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, Cláudio Pereira de Souza Neto, também não vê necessidade de novas leis para combater a violência em protestos. “Muitas vezes, essas propostas de alteração legislativa têm objetivo muito mais político do que prático”, diz.

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