Além do apoio demonstrado pelos parlamentares ao projeto nas votações em plenário em 2013, o Planalto deve enfrentar dificuldades na construção de apoio ao veto da presidente por causa dos embates entre partidos aliados, que disputam espaço no Esplanada do Ministério. A bancada do PMDB na Câmara lidera os descontentes da sigla com as mudanças confirmadas até agora. Na semana passada, deputados da legenda decidiram abrir mão de indicar nomes para a composição do governo.
A apreciação no plenário será por meio do voto aberto. O autor do projeto, senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), aponta que a votação aberta será importante para que o veto seja derrubado no plenário, já que, com os parlamentares declarando suas escolhas, será mais difícil mudar o posicionamento assumido na tramitação das propostas em 2013.
“Tivemos 319 deputados e 53 senadores que votaram a favor do projeto. Se tivessem mantido a votação secreta, talvez alguns mudassem de posição por pressão, mas agora o voto será aberto”, avaliou Cavalcanti. Já o senador Eduardo Suplicy (PT-SP) analisou as mudanças de forma diferente. O petista lembra que a apresentação de novos argumentos nas discussões sobre o veto pode influenciar os parlamentares, independentemente de pressões. Na semana passada, a ministra de Relações Institucionais, Ideli Salvatti, afirmou aos senadores que o governo pretende mandar uma nova proposta para a criação de municípios, com regras mais rígidas.
De acordo com Mozarildo, o governo federal fez uma leitura equivocada do projeto, ao supor que o resultado será o aumento dos gastos públicos. Ele afirmou que, caso a lei estivesse em vigor há 10 anos, 2,8 mil municípios não teriam sido criados e que, pela primeira vez, será exigido um estudo de viabilidade do município a ser criado e do que será desmembrado. No entanto, na justificativa de Dilma para o veto total, o projeto contraria o interesse público porque “o crescimento de despesas não será acompanhado por receitas equivalentes, o que impactará negativamente a sustentabilidade fiscal e a estabilidade macroeconômica”.
SOLICITAÇÕES Segundo levantamento do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), as assembleias legislativas de 22 estados já receberam 475 pedidos de distritos para conseguir a emancipação. Desse total, 363 atendem aos critérios definidos pelas regras vetadas e poderão se tornar municípios caso o veto seja derrubado. O texto determina que a criação ou desmembramento de municípios deve receber apoio de pelo menos 20% dos eleitores da área afetada. Já nos casos de fusão ou incorporação, pelo menos 10% dos eleitores de cada município devem aprovar a mudança.
Mozarildo nega que haverá aumento de despesas. Para ele, ocorrerá apenas nova distribuição dos recursos do Fundo de Participação dos Municípios (FPM). Sobre a promessa do governo de apresentar um projeto alternativo e evitar a derrubada do veto, ele diz que “a presidente exerceu o direito constitucional dela de vetar. O que o Executivo tem que deixar é o Congresso exercer sua tarefa constitucional de derrubar ou manter o veto”.
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