Rodrigo José da Silva Marques, de 51 anos, presidente da Associação Quilombola dos Luízes, anota, ao lado da mãe, Maria Lúcia da Silva Marques, de 81, tataraneto e bisneta de Anna Apolinária: “Lutamos para manter as tradições”. Algumas, como a capoeira e os penteados afro, se mantêm. Outras tantas se foram.
A titulação do quilombo de Luízes, iniciada em 2005, se arrasta. Em 2012, foi publicado um segundo Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTDI) com a exclusão de 10 imóveis da primeira área, identificada em 2005. Por causa da demora, a Procuradoria da República em Minas propôs ações judiciais responsabilizando o Incra para a imediata publicação da portaria que reconhece e declara os limites dos territórios das duas comunidades.
MANGUEIRAS Igual providência para forçar o Incra à publicação da portaria delimitando o território o Ministério Público Federal tomou em relação ao Quilombo de Mangueiras. No limite de Belo Horizonte com Santa Luzia, a comunidade teve a titulação iniciada em 2005 e o laudo antropológico de reconhecimento publicado em 2009. O presidente da Associação Quilombola da Comunidade de Mangueiras, Maurício Moreira dos Santos, de 56, luta para recuperar tradições, erradicar o analfabetismo e arrancar da extrema pobreza as 22 famílias que vivem em pequenas casas numa área de cerca de 17 mil metros quadrados.
A história de Mangueiras se inicia na segunda metade do século 19 quando os lavradores negros Cassiano e Vicência utilizavam as terras do Ribeirão da Izidora para seu sustento. Há mais de 120 anos, seis gerações assistiram à expansão de Belo Horizonte, a explosão do vetor Norte e dos bairros do entorno, a pouco mais de cinco quilômetros da Cidade Administrativa. De rural o quilombo passou a urbano em intensa competição espacial com vários empreendimentos, como a duplicação da MG 20, que expropriou parte do território da comunidade, entre outros que se programam para se instalar nas terras remanescentes do quilombo..