O presidente da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Leo Burguês (PTdoB), classificou como retaliação o pedido de um grupo de vereadores, protocolado na Corregedoria da Casa e na Mesa Diretora, para que ele deixe o cargo. Para o dirigente, o pedido foi motivado pelo projeto apresentado por ele propondo o fim da verba indenizatória de R$ 15 mil que os parlamentares têm direito de gastar. Entre os que pediram a saída estão uma das recordistas em gastos com a verba indenizatória, Elaine Matozinhos (PTB), e o vereador Henrique Braga (PSDB) que, segundo reportagem publicada pelo Estado de Minas no domingo, apresentou este mês uma nota fiscal de R$ 1,9 mil de uma empresa fornecedora de material de limpeza como gastos com lanche para os servidores do gabinete. Braga também apresentou notas de uma rede de supermercados para justificar gastos com alimentação. Assinam ainda o pedido os vereadores Coronel Piccinini (PSB), delegado Edson Moreira (PTN) e Pastor Jorge Santos (PRB).
O pedido foi protocolado nessa terça-feira, duas semanas depois da apresentação da proposta que acaba com a verba indenizatória. “Isso foi um ato de retaliação pelo fato de eu ter proposto a extinção da verba. Não vou ceder a nenhum tipo de ameaça”, defendeu o presidente. Elaine Matozinhos negou que o pedido seja uma retaliação à proposta de fim do benefício.
Nessa quarta-feira, depois de dois adiamentos consecutivos, foi realizada a primeira reunião da comissão criada pela Câmara para debater a verba. Silvinho Rezende (PT), Autair Gomes (PSC), Jorge Santos (PRB), Leonardo Mattos (PV), Professor Ronaldo Gontijo (PPS), Wellington Magalhães (PTN) e Professor Wendel (PSB) foram escolhidos para integrar o grupo que vai apresentar uma proposta alternativa ao projeto que pretendia extinguir o benefício, usado para manutenção dos gabinetes. A pressa, no entanto, não será prioridade do grupo. Foi determinado um prazo de três meses para a conclusão de uma proposta, mas nenhuma data foi estabelecida na primeira reunião.
Alguns integrantes, como Leonardo Mattos, pediram que o projeto seja apresentado o mais rápido possível. Wellington Magalhães, no entanto, disse que não pode trabalhar com uma data limite, pois todos os vereadores devem concordar com a ideia apresentada. “Não podemos fazer dessa comissão uma chacota”, alegou. Mesmo assim, o presidente da comissão, Ronaldo Gontijo, afirmou que quer finalizar os trabalhos o quanto antes. Ele disse também que a proposta tenderá para a licitação, um procedimento “mais transparente”. Para isso, o grupo analisará o perfil de cada vereador. “Essa verba é uma queimação nacional. A comissão tem um papel importante e chegou atrasada. Desde 2009 estamos sofrendo pressão. Já era para estar resolvido”, argumentou Gontijo.
Na próxima quarta-feira o grupo se reúne com a comissão técnica. Os vereadores também entrarão em contato com Léo Burguês para marcar um encontro com ele e a Mesa Diretora. Gontijo não descartou uma futura audiência pública e conversas com o Ministério Público.