Segundo o autor do substitutivo, deputado federal Efraim Filho (DEM-PB), a mudança estabelece o que chamou de escala na abordagem dos policiais. “O primeiro passo será o pedido para que se identifique. O segundo é a revista e o terceiro, a prisão por desacato em caso de recusa”, afirmou o deputado. “Hoje, para que as forças de ordem entrem em ação é preciso que se atire o primeiro coquetel molotov”, argumentou. Segundo o parlamentar, as novas regras já são usadas em países da Europa.
O substitutivo estabelece ainda o aumento da pena para crime contra o patrimônio, que passará de um a seis meses de prisão para seis meses a três anos de reclusão.
Para Nilmário Miranda, a obrigatoriedade de identificação antecipada é um exagero. “A legislação atual já é suficiente. A mudança tolhe a liberdade de manifestação”, disse. O parlamentar afirmou ser contra o uso de máscaras em protestos, e que o fato de uma pessoa cobrir o rosto ao fazer reivindicações em locais públicos pode até induzir a imaginar que poderá cometer um crime. “Mas só por isso abordar como se o manifestante já estivesse fazendo algo errado é um exagero”, acrescentou. Segundo o deputado, a indignação pública em relação ao vandalismo que muitas vezes acontece nos protestos faz com que propostas dessa natureza apareçam no Congresso Nacional.
No texto alternativo, Efraim Filho quer ainda que todas as manifestações sejam comunicadas à polícia com 24 horas de antecedência. “O objetivo é fazer com que as autoridades possam traçar outras rotas para acesso a escolas e hospitais”, disse. O governo federal concorda com a mudança, mas apenas em parte. Segundo o Ministério da Justiça, protestos de pequeno porte em bairros, por exemplo, não precisariam ser comunicados à polícia.
O autor do projeto de lei ao qual o parlamentar vai apresentar o substitutivo é o deputado federal Rogério Peninha Mendonça (PMDB-SC). O texto proíbe o uso de máscara, capuz, disfarce, pintura ou substância que mude as feições do rosto. As exceções são para festas ou cerimônias cívicas, populares, folclóricas, religiosas, ações de força pública, manifestações pacíficas, apresentações artísticas ou desportiva e comemorações restritas a convidados.
O texto de Mendonça já previa a possibilidade de abordagem da polícia. O substitutivo, no entanto, estabelece a chamada escalada do uso da força, regulamentando o pedido por identificação por parte do policial, a revista e, no caso de desobediência, a prisão por desacato a autoridade.
Intimação preventiva
A polícia intimou manifestantes que são investigados por participarem de atos violentos em protestos em São Paulo para depor hoje. Os depoimentos serão colhidos na sede do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), na Zona Norte da capital, às 16h, uma hora antes de um protesto contra a Copa do Mundo previsto para acontecer no Centro. A ideia é tentar esvaziar a manifestação, convocando possíveis adeptos da tática black bloc. Organizado pelo Facebook, o protesto tinha, até a tarde de ontem, a presença confirmada de 13.295 pessoas. A reprodução de uma intimação foi publicada na página "Black Bloc SP Fase II" no Facebook..