Além de demitir nomes do primeiro escalão, Carlaile convocou a Guarda Municipal para impedir que servidores saíssem do prédio da prefeitura com documentos - Foto: Ramon Lisboa/EM/D.A PressO prefeito de Betim, Carlaile Pedrosa (PSDB), reassumiu ontem de surpresa o comando da prefeitura. Afastado desde 15 de janeiro para a realização de uma cirurgia cardíaca, ele tirou uma licença de dois meses para tratamento médico e sua volta era aguardada para o dia 17. A antecipação foi motivada por discordância com a forma que a prefeitura vinha sendo conduzida pelo vice-prefeito, Waldir Teixeira (PV), ligado a grupos empresariais que atuam na cidade. Segundo apurou a reportagem, durante seu mandato o vice fez mudanças no primeiro escalão, baixou um pacote de medidas na área financeira, cancelou contratos e revogou decisões tomadas por Carlaile, além de extinguir o Instituto de Políticas Públicas Urbanas, que era presidido por Cleide Pedrosa, irmã do tucano.

Em seu primeiro dia de volta ao cargo, o prefeito exonerou, de uma só vez o secretário da Fazenda, Guilherme Cassalade, o auditor do município Robespierre Miconi – todos nomeados pelo vice-prefeito durante a licença de Carlaile – e o procurador-geral Lucas Neves e seu adjunto, Bruno Cepício, e o presidente da Fundação de Artes de Betim (Funarbe), Osvander Valadão, que ocupava interinamente, por indicação de Teixeira, o cargo de chefe de gabinete da prefeitura.

Além das exonerações, o prefeito convocou a Guarda Municipal para impedir que documentos e papéis da administração fossem levados das pastas onde ocorreram as demissões. Os guardas foram orientados a não deixar sair nenhum papel das secretarias sem autorização do prefeito. O clima na sede da prefeitura ontem era de tensão. O principal assunto nos corredores era a volta do prefeito e as mudanças feitas por ele. Todos os demitidos eram ligados a Waldir Teixeira. Novas exonerações devem acontecer na semana que vem, inclusive nos cargos de primeiro escalão. Na lista estaria Gilmar Lembi, secretário de Planejamento, que assumiu durante a gestão de Teixeira a pasta da Assistência Social. A prefeitura não confirma.

O prefeito reassumiu o cargo sem a presença do vice. Pela legislação, Carlaile teria de comunicar à Câmara Municipal seu retorno, como isso não foi feito oficialmente anteontem, ele reassumiu o cargo com a presença do presidente da Câmara, Marcão da Universal (PRB), que no gabinete recebeu a carta do prefeito comunicando sua volta. O vereador negou que a volta antecipada de Carlaile tenha sido motivada por divergências, como apurou a reportagem. Segundo ele, o prefeito e o vice são “amigos”.

Procurado pela reportagem, o prefeito não quis dar entrevistas. Informou apenas as trocas ocorridas na administração e disse que vai estudar todas as medidas tomadas pelo vice e as que forem boa para o município serão mantidas. Disse ainda que vai estudar o caso da doação do terreno para a construção de um hospital feita durante sua gestão e revogada pelo vice. Essa doação seria um dos motivos das discordâncias entre eles. Por meio de sua assessoria, Carlaile disse que a intenção da prefeitura é não deixar o hospital ser construído em outro município, pois ele vai gerar empregos e garantir mais leitos para internação.

Outra rusga seria o nome do candidato do prefeito a deputado federal. Carlaile pretende lançar seu filho, Carlaile Júnior (PSDB), contrariando o desejo do grupo ligado a Teixeira, que queria que o nome fosse o do deputado estadual Rômulo Veneroso (PV). O prefeito passou a manhã de ontem reunido com seus assessores mais próximos. Paralelo a isso, o vice convocou uma reunião de urgência com seus apoiadores.

No lugar de Osvander, na chefia de gabinete, assume Clélia Patrícia Figueiredo Horta. Sílvia Cristina Laje Gomes é a nova procuradora interina e Davson Prado o auditor. Na pasta da Fazenda entra, interinamente, Luiz Paulo Barros, e na Funarbe, Dannier Copertini Lopes.
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