Brasília – Delator do escândalo do mensalão, o ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB-RJ) passará ao menos um ano e dois meses na prisão até poder pleitear uma progressão de regime. Ele deverá ser preso hoje na cidade de Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro, onde mora. A Polícia Federal aguarda o Supremo Tribunal Federal (STF) expedir o mandado de prisão para então cumprir a ordem. A previsão, conforme o Supremo e a PF, é que o documento seja assinado nesta segunda.
Condenado a 7 anos e 14 dias de cadeia, em regime semiaberto, Jefferson fará em um carro policial os quase 140 km que separam Levy Gasparian da capital fluminense, onde será levado para um estabelecimento prisional, depois de passar pela Superintendência da Polícia Federal, na Praça Mauá. Conforme as regras do Código Penal, o ex-presidente do PTB terá de cumprir no mínimo um sexto da pena no regime semiaberto. Caso tenha bom comportamento, ele poderá passar para o regime aberto a partir de maio de 2015, depois que completar 14 meses de prisão.
Antes disso, no entanto, Roberto Jefferson poderá pedir autorização para trabalhar fora da cadeia, benefício permitido aos detentos do semiaberto. Na última sexta-feira, o presidente da Suprema Corte, Joaquim Barbosa, rejeitou pedido de prisão domiciliar apresentado pela defesa do delator do mensalão. Ele havia solicitado o benefício, sob o argumento de que necessita de cuidados especiais com a saúde e a alimentação, por ter sido submetido a uma cirurgia de retirada de um câncer no pâncreas, em julho de 2012. Barbosa levou em consideração um laudo médico, elaborado por peritos do Instituto Nacional de Câncer (Inca), que apontou não haver mais sinais da doença no ex-deputado.
Liberdade
Enquanto não é preso, Roberto Jefferson tem aproveitado cada momento ao lado da família. Ontem, ele fez o último passeio de moto antes de ser detido. “Estou desfrutando dos momentos finais da minha liberdade”, afirmou, na porta de casa, após voltar de um passeio de mais de três horas a bordo de sua moto Harley-Davidson. “Quanto a vocês, curtam a liberdade porque ela é o bem supremo da vida da gente”, aconselhou Jefferson.
Já em casa, ele foi abordado por um motociclista, que enfrentou duas horas de estrada de Cataguases (MG) até Levy Gasparian para encontrar o ex-deputado. Comerciante, o homem doou R$ 100 a Jefferson para o pagamento da multa fixada pela Justiça em R$ 720,8 mil. Ambos não se conheciam, mas o delator do mensalão o convidou para entrar em casa. “Foi um gesto espontâneo. Gente boa”, disse. Durante todo o fim de semana, agentes da PF se revezam em frente à residência, a fim de efetuarem a prisão tão logo o mandado seja expedido.
Roberto Jefferson pediu que amigos e colegas de partido façam doações a uma conta pessoal para que ele possa pagar a multa estabelecida pelo Supremo. À tarde, enquanto assistia ao clássico entre Botafogo e Fluminense pela tevê, ele saiu na sacada de casa, onde pendurou uma bandeira do time alvinegro, que venceu o tricolor por 3 x 0. No blog que mantém, Jefferson aproveitou para se despedir dos leitores. “Até que a Justiça determine o meu status de preso, isto é, o que posso e o que não posso fazer, como escrever neste blog, por exemplo, a partir de hoje deixo vocês na companhia da minha equipe”, destacou.