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Estado de Minas

"Quatro anos de mais do mesmo é perigoso", diz FHC em entrevista ao El Pais

O ex-presidente também alertou para o fato de dois ex-ministros do governo disputarem o pleito: Marina Silva e Eduardo Campos, que segundo FHC, podem dividir os votos no Norte e no Nordeste


postado em 24/02/2014 15:16

O ex-presidente da República e presidente de honra do PSDB, Fernando Henrique Cardoso, voltou a dizer que o projeto político do PT encontra-se esgotado. Em entrevista ao jornal espanhol El Pais neste domingo (23), o tucano afirmou que existe um sentimento de "mal-estar", refletido principalmente nos protestos, mas que não signifca, necessariamente, um sentimento anti-petista. "Não sou pessimista, mas, como pano de fundo, há uma crise mundial da democracia representativa. É uma situação delicada, que exige uma liderança com mais visão", criticou.

Analisando o cenário com otimismo, FHC ponderou que esta eleição terá um novo fator. Ele cita o fato de dois ex-ministros do governo do ex-presidente Lula estarem disputando o pleito. "Hoje, pela primeira vez, vamos para eleições em que setores importantes do governo passaram para a oposição: Marina Silva e Eduardo Campos. Os dois foram ministros do Lula. Isso significa que provavelmente a diferença de votos tão forte que Dilma obteve no Nordeste e no Norte do país não irá se repetir", prevê.

O governador Eduardo Campos (PSB), foi ministro da Ciência e Tecnologia no governo Lula. Já Marina Silva (Rede) foi ministra do Meio Ambiente no mesmo governo. Campos é cotado como possível candidato à Presidência e Marina como vice. O PSDB deve lançar a candidatura do senador de Minas Gerais Aécio Neves, que presidente a legenda nacionalmente. Apesar de comemorar o reforço na oposição, FHC declarou que torce por Aécio. O ex-presidente, no entanto, já chegou a declarar que não enxerga muitas diferenças nos estilos de Aécio e Campos.

Na entrevista, FHC ainda criticou as denúncias de corrupção do governo da presidente Dilma Rousseff (PT), que disputará à reeleição neste ano. "A corrupção foi mais grave antes, durante o governo anterior. A novidade é que a corrupção agora é grupal, e antes era individual, e isso causa uma espécie de absolvição: se é para o partido, então não é pecado. Porém, o mais grave é o descrédito crescente da classe política".

"O Congresso dá a impressão para o povo de que não discute nada relevante, e que os temas são tratados pelo Executivo. A agenda política nacional é um pouco semelhante à do tempo do regime militar, quando o Governo anunciava projetos de impacto para a sociedade, e o Congresso era mantido à margem", completou.


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