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Estado de Minas

Condenado no processo do mensalão, Jefferson cumpre pena em penitenciária em Niterói

Ex-deputado cumprirá sete anos pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro


postado em 25/02/2014 06:00 / atualizado em 25/02/2014 07:39

Jefferson foi levado de sua casa, em Levy Gasparian, para o presídio em Niterói. Antes de entrar no carro da PF, conversou com jornalistas e lamentou a perda da liberdade (foto: Marcos de Paula/Estadão Conteúdo)
Jefferson foi levado de sua casa, em Levy Gasparian, para o presídio em Niterói. Antes de entrar no carro da PF, conversou com jornalistas e lamentou a perda da liberdade (foto: Marcos de Paula/Estadão Conteúdo)

Brasília – Cem dias depois da prisão dos primeiros condenados no julgamento da Ação Penal 470 e 3.186 dias depois da primeira denúncia do mensalão, o ex-deputado federal e delator do esquema, Roberto Jefferson, começou a cumprir pena nessa segunda-feira. Ele foi detido no começo da tarde, na porta de casa, em Levy Gasparian, no interior do Rio de Janeiro. Policiais federais aguardavam o ex-presidente do PTB no local desde a madrugada de sábado. Quando informado de que o Supremo Tribunal Federal (STF) havia expedido o mandado de prisão, Jefferson pediu para tomar banho, trocar de roupa e almoçar antes de ser levado em carro da PF para a capital fluminense.

Roberto Jefferson cumprirá pena de 7 anos e 14 dias pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, em regime semiaberto, no Instituto Penal Ismael Pereira Sirieiro, em Niterói (RJ). Delator do escândalo de compra de apoio parlamentar no primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, ele foi o último dos condenados à prisão no julgamento do mensalão a ser detido. Também sentenciado, o ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil Henrique Pizzolato fugiu para a Itália, onde está preso desde o começo do mês. Ontem, a Procuradoria Geral da República enviou para a Itália o seu pedido de extradição.

Na última sexta-feira (21), o presidente do STF, Joaquim Barbosa, rejeitou o pedido de prisão domiciliar apresentado por Jefferson, que alegava necessidade de tratamento de saúde e dieta especial – ele passou por cirurgia de retirada de um câncer no pâncreas em julho de 2012. A prisão, no entanto, só acabou efetivada ontem, porque não houve tempo para que o mandado fosse emitido na semana passada.

O ex-deputado passou o fim de semana com a família, em Levy Gasparian. No domingo, aproveitou o último dia de liberdade. De manhã, passeou em uma moto Harley-Davidson por cerca de três horas. À tarde, assistiu ao jogo entre Botafogo e Fluminense, vencido por 3 a 0 pelo time alvinegro. Animado, pendurou uma bandeira do Botafogo na sacada de casa.

Lamento

Nessa segunda-feira, antes de ser levado para o Rio, Roberto Jefferson falou com jornalistas. Ele disse lamentar a perda de liberdade, mas frisou que caiu de pé. “Minha música é My way. Não me rendi, não me ajoelhei e fiz da minha maneira. Faço o bem. Não sou melhor do que ninguém. Mas não foi à toa que fui eleito por seis vezes deputado federal”, afirmou. “É uma grande perda. O homem tem que procurar acertar para não perder a liberdade. O valor supremo da vida é a liberdade. Lutem para manter a de vocês”, acrescentou o ex-deputado.

Jefferson seguiu em carro da Polícia Federal para o Rio, distante 140 quilômetros de Levy Gasparian, pouco depois das 14h. Foi levado diretamente para o Instituto Médico Legal (IML), no Centro, acompanhado do advogado, Marcos Pedreira Lemos. Do IML, seguiu para o Presídio Ary Franco, em Água Santa, estabelecimento para onde são mandadas as pessoas que entram no sistema penitenciário fluminense. O ex-deputado também passou por exames médicos e seguiria, ainda ontem à noite, para o estabelecimento próprio para cumprimento de penas de regime semiaberto em Niterói.

Ele levou consigo medicamentos, receitas médicas, dois livros, além da Bíblia. A defesa de Jefferson insistirá em um novo pedido de prisão domiciliar. No entanto, caso a Justiça rejeite o pleito, o ex-presidente do PTB passará no mínimo um ano e dois meses preso até que possa pedir a progressão para o regime aberto. Como cumprirá pena no semiaberto, ele deve solicitar autorização para trabalhar fora.

Também condenado no processo do mensalão, o ex-deputado José Genoino (PT-SP) pede que o Supremo renove a prisão domiciliar. Em ofício assinado no fim da semana passada, Joaquim Barbosa determinou que o petista passe por nova avaliação médica – ele foi operado do coração em 2013. Somente depois disso, o ministro decidirá se Genoino continuará na casa que alugou em um condomínio do Jardim Botânico, em Brasília, ou se voltará para o Complexo da Papuda.

Pérolas de Jefferson

Fui ao ministro Zé Dirceu, ainda no início de 2004, e contei: ‘Está havendo essa história de mensalão. Alguns deputados do PTB estão me cobrando. E eu não vou pegar. Não tem jeito’. O Zé deu um soco na mesa: ‘O Delúbio está errado. Isso não pode acontecer. Eu falei para não fazer’. Eu pensei: vai acabar. Mas continuou.
6/6/05
Em entrevista à Folha de S. Paulo, quando revelou a existência do mensalão no governo Lula (PT)

Sabia que existia (uma máfia) no governo, a vi, mas não fui cúmplice
5/7/05
Em entrevista ao jornal argentino La Nación

Mesmo o sr. Marcos Valério sendo o novo embaixador do Brasil para assuntos de telecomunicações, o 'carequinha' é o novo embaixador, não agiu sozinho, ele não tem a chave do cofre
4/8/05
Em depoimento à CPI Mista da Compra de Votos, ao fazer referência ao envolvimento do Planalto com o caso do mensalão

Vossa Excelência provoca em mim os instintos mais primitivos. E eu tenho medo das consequências dessas provocações
5/8/05
Durante depoimento do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu ao Conselho de Ética da Câmara, que Jefferson acompanhou sentado na primeira fila

O presidente Lula é uma espécie de Genoino na Presidência da República: não sabe o que lê, não sabe o que assina, não sabe o que faz
14/9/05
Em discurso proferido antes da sessão que cassou o seu mandato, ao ironizar o papel do presidente no escândalo do mensalão

Eu sabia que ia ser cassado. Só não sabia que ia ser por esse número cabalístico. São os 300 picaretas do Lula mais os 13 do PT
14/9/05
Em entrevista coletiva após perder o mandato por 313 votos

Deus só dá carga a quem pode puxar. Sou harleyro e botafoguense, acostumado a sofrer
24/2/14
Da varanda de sua casa aos jornalistas que aguardavam na rua o momento da sua prisão


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