Tempos depois, ao tomar conhecimento do desaparecimento de Paiva, Avólio associou-o à vítima torturada por Hughes, pois as características físicas seriam semelhantes – homem descrito como branco e gordo. Durante entrevista coletiva, por um compromisso assumido com o depoente, a comissão não revelou a sua identidade, citando-o apenas como “agente Y”. É a primeira vez em que um militar ligado à repressão aponta um colega envolvido na provável morte de Paiva.
Hughes, já falecido, era um oficial egresso do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR). Foi descrito no depoimento de Avólio como um “militar loiro”. Documentos obtidos no banco de dados digital do projeto Brasil Nunca Mais confirmam que Hughes participava de ações da repressão contra a esquerda armada atuando em parceria com militares do Centro de Informações de Segurança da Aeronáutica (Cisa). Por causa desse envolvimento, ele ganhou em 1971 a Medalha do Pacificador, distinção dada a militares posteriormente acusados de tortura.
Paiva foi preso em casa, no Leblon, Zona Sul do Rio, em 20 de janeiro de 1971, por uma equipe do Cisa, e desde então é considerado desaparecido.
O depoimento de Avólio foi tomado, no ano passado, pelo ex-procurador geral da República Cláudio Fontelles, então membro da comissão. Na época, Paiva era acusado de manter correspondência com exilados políticos. A mulher dele, Eunice, e a filha, Eliana, de 15 anos, também foram presas. A jovem foi libertada no dia seguinte, mas Eunice ficou 15 dias na cadeia..