Outro argumento de Dallari é que a comissão não encerra o esforço de esclarecimento de fatos ocorridos no período do regime militar. Ela não vai esgotar todas as investigações, disse ele à reportagem.
O prazo previsto para a entrega do relatório à presidente Dilma Rousseff é 16 de dezembro. Dallari já trabalha, porém, para que seja adiantado em seis dias. A meta é fazer a entrega coincidir com a celebração do Dia Internacional dos Direitos Humanos, em 10 de dezembro.
A preocupação do coordenador coincide com a do Palácio do Planalto. Diante das constantes divergências internas e pressões de familiares de mortos e desaparecidos para a continuidade das apurações, existe o temor em Brasília de que o relatório não fique pronto no prazo.
De acordo com a lei que criou a comissão e deu a ela a tarefa de investigar graves violações de direitos humanos, seu prazo original de funcionamento iria até março. A pedidos do grupo, porém, Dilma estendeu as atividades por sete meses.
Não se espera um novo adiamento.
O documento também será usado diante da Corte Interamericana de Direitos Humanos. Em 2010, ao julgar uma demanda de familiares de militantes de esquerda mortos na Guerrilha do Araguaia, aquela corte condenou o Brasil por violações de direitos humanos.
Diante das exigências de reparações e esclarecimentos, o governo deve usar o relatório final como parte de sua resposta.
Divergências
Na avaliação de militantes de organizações de direitos humanos, a resposta à corte internacional é a preocupação maior do governo. Acho que a comissão nem teria sido criada pelo governo se não houvesse a condenação na corte, diz a presidente do Grupo Tortura Mais, seção Rio, professora Victoria Grabois Olímpio.
Ela defende que o grupo coordenado por Dallari concentre esforços nos próximos meses na busca de pistas que possam levar ao esclarecimento dos casos de mortos e desaparecidos. É preciso ouvir mais militares e policiais que possam dizer o que ocorreu. A comissão não fez muita coisa a respeito disso, embora tenha falado muito.
A opinião de Victoria, que perdeu o pai, o irmão e o marido na guerrilha, não é compartilhada por todos os integrantes da comissão. Uma parte deles defende que o tempo final de trabalho seja dedicado sobretudo aos depoimentos das vítimas. Argumentam que é tarefa do grupo dar voz a perseguidos.
As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo..