A edição de hoje do Diário do Judiciário traz a íntegra de decisão da 4ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), que reconheceu a professora Rosemary de Morais, de 58 anos, como filha do ex-vice-presidente da República José Alencar Gomes da Silveira – morto em 29 de março de 2011.
A ação – que corre em segredo de Justiça por ser assunto de família – foi ajuizada em 2001, depois das negativas de José Alencar em reconhecer a paternidade ou fazer um exame de DNA que tirasse a dúvida. Em outubro de 2010, o juiz da Comarca de Caratinga, José Antônio Cordeiro, decretou o parentesco entre eles e permitiu que o sobrenome “Gomes de Alencar” e que os nomes dos pais do vice-presidente fossem incluídos na certidão de nascimento de Rosemary.
Os advogados da família de José Alencar recorreram e, na quinta-feira passada, os três desembargadores da 4ª Câmara Cível do TJ mantiveram, por unanimidade, o entendimento do juiz de Caratinga. Eles basearam a decisão na Súmula 301 do STJ, que diz: “Em ação investigatória, a recusa do suposto pai a submeter-se ao exame de DNA induz presunção juris tantum (relativa) de paternidade”.
A defesa sustentou no processo que não há qualquer prova que indique a relação de José Alencar com a mãe da professora, que era enfermeira em Caratinga – e é com base nesse argumento que vão recorrer ao STJ. “A recusa do DNA não desobriga a parte (Rosemary) a fazer um mínimo de prova”, alega o advogado José Diogo Bastos Neto. A defesa da suposta filha do político contou apenas com uma testemunha que disse tê-los visto em uma praça de Caratinga no início da década de 1950. A professora hoje mora na cidade.
A versão da professora é que a mãe dela, Francisca Nicolina de Morais, teria ficado grávida de Alencar na ocasião em que ele ficou noivo, por isso eles não teriam se encontrado mais. Ela teria ficado sabendo a identidade do pai aos 43 anos. Durante a campanha de José Alencar ao Senado, em 1998, ela teria conseguido se aproximar do pai e contar sobre a sua identidade. Mas nunca mais teria sido procurada por ele ou algum de seus assessores.
Aluguel
Em entrevista ao Estado de Minas, Rosemary de Morais disse lamentar que o reconhecimento da paternidade tenha vindo só por meio de uma medida judicial. “Eu estava atrás de esclarecer tudo com ele em vida, e não de fortuna”, afirmou ela, que vive em Caratinga com uma aposentadoria mensal de R$ 1,7 mil e recebe ajuda do salário de R$ 1,2 mil do filho de 30 anos, que trabalha em uma loja.
Com uma dívida mensal de R$ 530 com aluguel do imóvel onde mora, a professora diz que apenas sonha com uma casa própria e uma vida com tranquilidade. “Sempre lutei na minha vida. Eu não queria ter essa fortuna, nem sei conviver com isso.
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