Os governos federal e de Minas Gerais travam há meses uma guerra em busca do apoio de prefeitos, os cabos eleitorais mais próximos dos eleitores - e, por isso, os mais valorizados para a disputa eleitoral de outubro.
As armas da batalha, dos dois lados, são máquinas pesadas - caminhões basculantes, motoniveladoras, retroescavadeiras e outros equipamentos, generosamente doados - mas com direito a solenidades, discursos, abraços, vídeos e fotos. Para o PT e o governo Dilma, esse road show é nacional - as viagens da presidente são frequentes e cobrem praticamente todo o País. Em Minas, no entanto, o governo do Estado retrucou na mesma moeda. Assim, enquanto Dilma carrega junto seu candidato ao governo do Estado, o ex-ministro Fernando Pimentel, o governador Antonio Anastasia, que concorre ao Senado, busca apoio para o presidenciável Aécio Neves e seu candidato à sucessão no Estado, Pimenta da Veiga.
A disputa levou a presidente Dilma Rousseff, no mês passado, a Governador Valadares, no dia 16, e a Betim, na região metropolitana de Belo Horizonte, no dia 26, para doar esses equipamentos a 301 cidades. As chaves das máquinas foram entregues pela presidente a filas de prefeitos de vários partidos - o que a levou a dizer que seguia um "critério republicano".
Essas doações foram destinadas a cidades com até 50 mil habitantes. "Esse programa de máquinas tem um papel muito importante em todos os municípios. Ele dá autonomia para os prefeitos fazerem o que devem fazer. Aquilo que a sua população pede, que são os trabalhos nas estradas vicinais, pelas quais escoa uma parte importantíssima da produção agrícola do País", disse Dilma.
A resposta dos tucanos mineiros segue o mesmo ritmo. As 627 máquinas mineiras foram distribuídas a 354 cidades e as doações são parte do programa ProMunicípio Infraestrutura, destinado a "fomentar o desenvolvimento dos municípios mineiros por meio de investimentos em infraestrutura viária e aquisição de veículos e equipamentos rodoviários".
Nas suas viagens, Dilma procurou evitar o tom eleitoral. O programa é executado "picado", disse ela, por causa da "capacidade" das indústrias que produzem os equipamentos. Mas a maioria das máquinas foi entregue por Fernando Pimentel, quando ele era ministro do Desenvolvimento - apesar de o programa ser do Ministério do Desenvolvimento Agrário. Ele continuou comparecendo às cerimônias mesmo após deixar o ministério.
O PSDB mineiro não demorou a cobrar os petistas pela manobra. O presidente do diretório tucano, deputado federal Marcus Pestana, disse que a presidente "abandonou o posto" e deu lugar à "candidata Dilma Rousseff", que usa a "máquina pública".
Doações tucanas
Apesar dessas críticas, desde abril do ano passado o governo mineiro do PSDB promoveu eventos semelhantes, igualmente registrados em fotos e vídeos, para doar os equipamentos aos prefeitos.
Segundo a assessoria do governo mineiro, as entregas estaduais deverão estar concluídas antes das eleições de outubro - elas se inserem em um pacote maior, com investimento total de R$ 2,1 bilhões, que inclui áreas como saúde e educação.
No caso específico de máquinas, equipamentos e obras de infraestrutura, diz a nota, "podem ser contemplados municípios com até 100 mil habitantes". As últimas unidades "estão sendo entregues" e todo o programa será executado até o final do primeiro semestre deste ano.