Jornal Estado de Minas

Obras para melhorar transporte em BH custaram R$ 210 milhões a mais aos cofres públicos

A obra do BRT no corredor Antônio Carlos/Pedro I foi a que passou pelo maior reajuste

Jorge Macedo - especial para o EM

Marcelo da Fonseca

As obras de mobilidade prometidas para melhorar o trânsito de Belo Horizonte até a Copa custaram aos cofres municipais R$ 210 milhões a mais do que o previsto.

Para as sete obras incluídas na matriz de responsabilidade, com base na revisão de julho de 2012, foram planejados gastos de R$ 1,19 bilhão com as intervenções de mobilidade, mas, antes mesmo de todas serem entregues, o valor gasto foi de R$ 1,4 bilhão. Em todas elas o valor programado ficou abaixo do custo. Até o fim do ano passado, os aditivos para as obras representaram 18% dos investimentos estimados.

A obra do BRT no corredor Antônio Carlos/Pedro I foi a que passou pelo maior reajuste. De acordo com o compromisso inicial assumido pela Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) e pelo governo federal, a obra custaria R$ 588,2 milhões, com previsão de entrega em setembro de 2012. No entanto, por meio de uma série de aditivos contratuais os valores chegaram a R$ 713,4 milhões, R$ 125 milhões a mais do que o previsto.

Para as três obras entregues até agora também foram necessários reajustes nos valores estimados. A ampliação do Bulevar Arrudas, entre a Rua Extrema, no Bairro Calafate, e a região Central, foi planejada com um custo de R$ 213 milhões, mas chegou a R$ 233,9 milhões. A obra foi entregue em junho do ano passado.
Já os trechos do BRT na Avenida Cristiano Machado e no Centro – entregues no fim de semana – foram avaliados em R$ 52,6 milhões e R$ 56 milhões, respectivamente. Mas, no fim do ano passado, os gastos na área central ultrapassaram R$ 70 milhões e na Cristiano Machado foram R$ 57,3 milhões.

A matriz de responsabilidades – documento assinado em 2010 pelo então ministro do Esporte Orlando Silva e por prefeitos e governadores – trata das áreas prioritárias de infraestrutura das 12 cidades-sede do Mundial. Ao longo dos anos, resoluções e aditivos contratuais foram incluídos no documento, revisando os valores de cada ação. Na capital mineira, a construção da Via 710, que ligaria a Avenida Cristiano Machado à Avenida dos Andradas, criando uma nova rota para o Aeroporto Internacional Tancredo Neves, em Confins, na Grande BH, foi retirada da lista no ano passado. Desde a assinatura do documento, 18 ações foram excluídas nas sedes da Copa e nove obras foram incluídas.

Mudanças

Segundo o prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), o aumento no custo das obras se deu principalmente por causa de reajustes nos cálculos de gastos com as desapropriações e mudanças feitas a partir dos projetos executivos. “A matriz foi assinada em janeiro de 2010 como um referencial para as nossas ações, mas a maior parte das obras não tinha projetos. Ao longo do tempo, os contratos foram feitos com base em novos estudos para cada obra. Na Avenida Pedro I, por exemplo, o valor para as desapropriações passou por grandes mudanças. A comparação com os valores da matriz não é uma boa”, avaliou Lacerda.

Ele apontou também as correções inflacionárias nos valores investidos nas obras e afirmou que, em comparação com as outras cidades-sede, Belo Horizonte está muito bem avaliada pelos comitês gestores da Copa. “Os valores são normalmente corrigidos com base na inflação e isso também altera os valores a cada ano. Em junho, quando foram divulgados os balanços finais de todas as cidades, devemos ver que BH foi a cidade que mais cumpriu as metas planejadas”, afirmou o prefeito.

.