Brasília - Na semana em que o país vai receber uma agência internacional de classificação de risco para avaliar a situação da economia brasileira, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, vai "discutir a relação" do governo com os empresários. Por ordem da presidente Dilma Rousseff, Mantega convocou uma reunião nesta segunda-feira, em São Paulo, com pesos-pesados do Produto Interno Bruto (PIB).
A equipe da campanha pela reeleição de Dilma pretende, na prática, criar "vacinas" para impedir a deterioração da imagem da presidente em meio a uma crise de credibilidade. Organizada pelo secretário executivo da Fazenda, Paulo Caffarelli, a reunião de amanhã com os empresários é a primeira deste tipo desde o início do ano.
Embora o risco de rebaixamento da nota do Brasil tenha diminuído após o anúncio das medidas fiscais e do resultado um pouco melhor do PIB do quarto trimestre de 2013, os rumos da economia viraram uma preocupação política. A equipe internacional que estará esta semana no País é a da Standard & Poor’s. A agência foi a primeira a promover o Brasil a grau de investimento e pode ser a primeira a rebaixar a nota do País, afugentando investidores.
Nos últimos meses, os dois desafiantes de Dilma - o senador Aécio Neves (PSDB) e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB) - reforçaram as críticas ao modelo econômico adotado pelo governo. Em recente reunião no Alvorada, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aconselhou Dilma a escalar o ministro da Fazenda para ouvir os empresários.
As empresas escolhidas para a reunião com Mantega têm em comum o fato de terem forte presença internacional, como a Embraer, a Vale e a Odebrecht. O ministro também terá uma reunião hoje com o presidente da Associação Nacional de Veículos Automotores (Anfavea), Luiz Moan. O setor é motivo de preocupação pela queda nas exportações, mas também por causa de uma desaceleração nas vendas no mercado interno.
Reclamações
Desde meados do ano passado, Lula tem recebido uma romaria de empresários em seu instituto, em São Paulo. Todos reclamam do estilo de Dilma. Ele prometeu aos representantes do setor produtivo que atuaria como uma espécie de "facilitador" da reaproximação.
Em janeiro, a presidente foi a Davos e usou o discurso no Fórum Econômico Mundial para tentar tranquilizar empresários sobre a condução da economia. No mês passado coube a Lula fazer afagos a investidores internacionais, em Nova York.
A escolha de Caffarelli para secretário executivo da Fazenda, há cerca de um mês, também faz parte da estratégia de melhorar a comunicação do governo com o setor produtivo.