São Paulo, 10 - A ex-ministra da Casa Civil e provável candidata do PT ao governo do Paraná, Gleisi Hoffmann, criticou a "amargura" do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso em artigo publicado no portal Uol. A "amargura" e o "azedume" de FHC foram demonstrados, segundo a senadora petista, quando ele disse que a foto de Lula e Dilma sorridentes e de mãos dadas no Palácio da Alvorada mostrava a despreocupação com a realidade do País. "Não me passaria pela cabeça que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pudesse iniciar um artigo de opinião censurando o sorriso de alguém", rebateu Gleisi, que pede que o ex-presidente "volte à razão".
A petista defendeu a atuação da presidente Dilma Rousseff depois das manifestações de junho de 2013 dizendo que ela "foi praticamente a única, entre as lideranças políticas deste País, a expor-se, a manifestar-se claramente, a ter iniciativas". Gleisi também rebateu a crítica de FHC sobre o que o ex-presidente chamou de "imprevidência" que fez o Brasil "mergulhar na crise energética". Ela cita o apagão ocorrido entre 2001 e 2002, quando o tucano estava no Palácio do Planalto. "A crítica à suposta imprevidência só pode ser a si mesmo e a seu governo", escreve.
Resposta parecida tem o trecho em que Fernando Henrique fala da inflação do governo Dilma. "Esquece-se de que deixou ao país uma inflação de 12,7% em 2002", escreve. Sobre a crítica de Fernando Henrique a respeito do clientelismo e da "inépcia assegurada por 30 partidos no Congresso", Gleisi acusa o ex-presidente de não ter dito "'a' ou 'b' sobre reforma política" em seus oito anos de governo. "Governou com um sistema de base parlamentar tão ampla que alterou a Constituição Federal para garantir sua reeleição".
Por fim, a ex-ministra diz que concorda com a ideia defendida pelo ex-presidente de unir os brasileiros em torno das questões fundamentais, mas alfineta FHC ao dizer que isso pode ser feito com "alegria e sorrisos". "Não concordo que os temas essenciais sejam a troca da guarda nem a revolta contra o sorriso, mas sem dúvida é preciso aprofundar o debate sobre a economia, a política e as questões sociais."