Brasília - O novo QG da campanha reeleitoral do PT em Brasília funcionará em dois pavimentos de 2,4 mil metros quadrados de um edifício na área central de Brasília, com subsolo de mais 200 metros quadrados capaz de abrigar 11 veículos ou servir de escritório. O partido da presidente Dilma Rousseff escolheu um imóvel pertencente a uma empresa que tem contratos com órgãos do governo. Desde a posse da presidente, essa empresa já recebeu R$ 18,3 milhões em contratos. O QG petista será no edifício Embassy Tower, do Grupo Sarkis (SKS), que controla uma rede de empresas do setor imobiliário.
Os dois órgãos são comandados pelo PT desde o início do governo Dilma. Os contratos foram firmados com dispensa de licitação, de acordo com nota de empenho registrado no Portal da Transparência.
Até a montagem do QG, o PT fará uma reforma no local. “O novo inquilino vai reformar ele todo para a gente; vai entregar outro imóvel”, afirma um administrador do grupo que se envolveu na negociação.
Por ora, a pré-campanha de Dilma funciona em São Paulo no escritório do marqueteiro João Santana, que está focado na disputa presidencial. Já está definido que o deputado estadual Edinho Silva (SP) será o tesoureiro do comitê.
No Embassy Tower vão trabalhar as principais equipes de apoio à pré-campanha e à disputa eleitoral, que começa oficialmente em julho. Os candidatos só podem receber doações de campanha a partir de 30 de junho, após a realização de convenções partidárias. Até lá, as doações são feitas aos partidos.
O Embassy Tower não deve ser o único QG da campanha de Dilma, que será concentrada em Brasília. Um integrante do comando da candidatura diz que outros imóveis podem ser alugados.
Pesquisa
O grupo SKS confirma que alugou o espaço para o PT e que mantém contratos com o governo. O Estado apurou que o partido deve pagar R$ 135 mil mensais pelos dois andares no Embassy Tower. O contrato, já em vigor, tem nove meses de duração e poderá ser prorrogado.
“Pertence ao nosso grupo. Não tem superfaturamento, nada disso. Antes de fechar, o partido fez uma pesquisa de preços e o nosso foi o mais baixo”, disse Thiago Sarkis, um dos representantes do SKS. Além do setor imobiliário, o SKS atua na construção civil, produção de cimento, concreto, aço, mineração e hotelaria. Outras empresas do grupo também têm negócios com o governo federal.
Procurada, a assessoria de imprensa do PT pediu que o jornal O Estado de S. Paulo enviasse os questionamentos por e-mail. Até a edição ser concluída, o partido não enviou resposta. A reportagem também encaminhou as perguntas ao tesoureiro do partido, João Vaccari Neto, mas não obteve resposta. O PT costuma afirmar, quando questionado sobre despesas com fornecedores, que suas despesas são registradas no Tribunal Superior Eleitoral.
Em 2010, o comitê de Dilma usava duas casas no Lago Sul, área nobre de Brasília. Uma era parcialmente mantida pelo empresário Benedito de Oliveira, que também mantinha contratos com o governo na época.