Brasília - A ala rebelde do PMDB planeja alianças informais com a oposição no Congresso para aprovar propostas contrárias aos interesses do Palácio do Planalto. O objetivo é mostrar a insatisfação do grupo com a presidente Dilma Rousseff.
São os casos de Arthur Chioro (Saúde), para explicar a situação dos cubanos do programa Mais Médicos; Edison Lobão (Minas e Energia), sobre os contratos da Petrobrás com a empresa holandesa; e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral), para discorrer sobre as acusações que fez à Polícia Militar de ter agido de forma truculenta em manifestação do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST). Também há pedidos para convocação dos ministros Miriam Belchior (Planejamento), Aguinaldo Ribeiro (Cidades) e Ideli Salvatti (Relações Institucionais).
Para ampliar as chances de aprovação, o PMDB da Câmara se reunirá em um almoço com os partidos integrantes do bloco formado há duas semanas para atuar de forma independente do governo, com deputados de PMDB, PP, PSC, PROS, PDT, PTB e PR, além do oposicionista SDD.
Depois, a bancada peemedebista se reunirá no começo da tarde para definir os procedimentos a serem adotados. Uma primeira atitude será reforçar a liderança de Eduardo Cunha (RJ), que Dilma tenta isolar após a troca de acusações entre ele e Rui Falcão, presidente do PT. Está sendo preparada uma moção de apoio a Cunha e a reafirmação de sua posição de interlocutor da bancada.
Convenção
Deputados do PMDB também querem levar adiante a convocação de uma pré-convenção em abril para liberar nos Estados as coligações contra o PT. Responsável pela articulação desse movimento, o deputado Danilo Forte (CE) diz ter apoio de 14 diretórios e quer oficializar a iniciativa nesta terça-feira, 11. Segundo o parlamentar, o debate nacional seria mantido em junho, data original da convenção do PMDB. Levantamento publicado pelo Estado no sábado mostrou que um terço dos deputados já defende um rompimento definitivo da aliança nacional.
A exclusão de Cunha das negociações irritou deputados peemedebistas. Ele ficou de fora das reuniões promovidas por Dilma, ficando como representante da Câmara só o presidente, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). “Erra quem acha que pode me isolar. Eu represento o que a bancada pensa em sua maioria”, disse Cunha. Colaborou Daiene Cardoso.