Brasília, 11 - A crise política entre o Planalto e sua base aliada na Câmara deve inviabilizar a votação, nesta semana, do Marco Civil da Internet, como anteriormente previsto. Após a reunião de lideranças da base realizada na manhã desta terça-feira, 11, deputados defenderam o adiamento da votação enquanto os problemas de articulação política do governo não forem resolvidos.
O receio é que, com a base rachada, as alterações no texto defendidas pelo líder do PMDB, deputado Eduardo Cunha (RJ), ganhem força e o governo seja derrotado em um tema considerado prioritário pelo Palácio do Planalto.
O líder do PMDB, pivô da crise do governo com a bancada da Câmara, defende modificações no relatório de Molon no que se refere à neutralidade da rede e à obrigatoriedade de que datacenters sejam instalados no País.
Caso se confirme, o bloqueio das votações no Plenário da Câmara deve ser benéfico ao Planalto, uma vez que os parlamentares também deixaram a reunião defendendo a retirada de pauta de um pedido para investigar denúncias de corrupção na Petrobras.
O requerimento, considerado uma retaliação ao Planalto encampada por um bloco de parlamentares da base descontentes com a articulação política do governo, visa a criar uma comissão externa de parlamentares para acompanhar, na Holanda, investigações sobre o esquema de pagamento de subornos a empresas de vários países, no qual a Petrobras é mencionada.
Para barrar a votação, o PT e aliados vão defender na reunião de líderes que a comissão externa não tem razão de existir. Eles se baseiam em notícias publicadas pelo jornal Folha de S. Paulo, que mostram que, oficialmente, o Ministério Público holandês ainda não decidiu se há indícios para abrir uma investigação. "Se na Holanda não estão investigando, eles vão passear?", rebateu o líder do PT, deputado Vicentinho (SP). Também tentando blindar o governo, Vicentinho também disse que o PT vai trabalhar para tentar transformar os diversos requerimentos de convocação de ministros em convites, que têm menor peso político.
A pauta de votações da Câmara será definida na reunião de líderes da Casa, agendada para a tarde desta terça-feira.