A disputa entre o prefeito de Betim, Carlaile Pedrosa (PSDB), e o grupo político empresarial ligado ao vice-prefeito Waldir Teixeira (PV), com quem o tucano está rompido, ganhou nessa terça-feira mais uma capítulo. E inusitado. No início da sessão plenária na Câmara Municipal de Betim, um trio elétrico estacionou na porta do Legislativo e durante cerca de uma hora executou, sem parar, a música que tem o refrão “se gritar pega ladrão, não fica um meu irmão”, um clássico do cantor e compositor Bezerra da Silva, falecido em 2005. O protesto foi organizado pelo presidente do PHS da cidade e ex-administrador do Imbiruçu, bairro de Betim, Ronievon Fonseca, cuja nomeação para o cargo de superintendente de todas as regionais da prefeitura acabou frustada com o rompimento entre prefeito e o grupo do vice.
Ronievon disse que o protesto não tem nada a ver com o cancelamento de sua nomeação. Segundo ele, a intenção é exigir a instalação pelos vereadores de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para apurar supostas irregularidades cometidas na Secretaria Municipal de Assistência Social (Semas) durante o período em que a pasta foi comandada pelo vereador Leo Contador (DEM), que deixou a secretaria em janeiro e reassumiu sua cadeira na Câmara Municipal. Para o lugar de Contador foi indicado o secretário de Planejamento, Gilmar Lembi Mascarenhas, exonerado semana passada por Carlaile do comando da Semas.
Ronievon disse ter provas dos desvios. Segundo ele, uma manifestação está sendo convocada para o dia 27 para tentar pressionar a Câmara a instalar a CPI, que já conta com o apoio da bancada do PT na Câmara, que faz oposição ao prefeito. Ronievon promete inclusive trazer um sósia de Bezerra da Silva para cantar durante os protestos. Questionado sobre quem bancou o aluguel do trio elétrico, Ronievon não deu detalhes. Disse apenas que conseguiu emprestado com um amigo.
Leo Contador não foi localizado pela reportagem para comentar o protesto e as denúncias. O presidente da Câmara, Marcão Universal (PSDB), disse que o protesto não tem nada a ver com a Câmara e foi organizado por “pessoas revoltadas com o poder municipal, que acham que a Câmara tem culpa nisso”. O vereador Antônio Carlos (PT) defende a instalação da CPI e disse que vai trabalhar para conseguir as assinaturas necessárias.
Desde que rompeu com o vice e seu grupo político e reassumiu a prefeitura, Carlaile já exonerou 11 pessoas, todas ligadas diretamente ao grupo político empresarial que apoia o vice-prefeito, muitos do primeiro escalão do governo.