Jornal Estado de Minas

PBH sai em busca de R$ 1 bi para investir em saúde, educação e mobilidade urbana

Dinheiro será captado no mercado financeiro por meio do lançamento de debêntures. Lançamento dos papéis será feito em abril

Leonardo Augusto
Anúncio da operação financeira da prefeitura, por meio da PBH Ativos, foi feito durante audiência pública nessa terça-feira, na Câmara de Belo Horizonte - Foto: MILA MILOWISKI/SUPCIM

A Prefeitura de Belo Horizonte vai ao mercado financeiro tentar conseguir dinheiro para investir em saúde, educação e mobilidade urbana. A PBH Ativos S/A, empresa criada pelo governo de Marcio Lacerda (PSB) para administrar parte do patrimônio do município, enviou pedido à Comissão de Valores Imobiliários (CVM) para lançamento de R$ 1 bilhão em debêntures. Do total, caso a operação seja aprovada, R$230 milhões serão colocados para captação imediata no mercado. Os R$ 770 milhões restantes serão utilizados pela prefeitura como garantia na contratação de financiamentos, por exemplo.

Segundo o diretor-presidente da PBH Ativos S/A, Edson Ronaldo Nascimento, a decisão de buscar recursos no mercado financeiro foi tomada pelo fato de a arrecadação municipal de impostos não ser suficiente para os investimentos que precisam ser feitos na cidade. “As despesas públicas sempre crescem mais que as receitas”, argumentou. O anúncio do lançamento dos papéis foi feito ontem durante audiência pública na Câmara Municipal para discutir o funcionamento da empresa. A operação será coordenada pelo banco BTG Pactual, que receberá R$ 2 milhões pelo serviço, conforme contrato para “assessoria financeira, estruturação da emissão de debêntures”, fechado com o município. O lançamento dos papéis está previsto para abril.

Apesar da possibilidade de se transformar em um fonte para investimentos da prefeitura, a PBH Ativos foi duramente criticada ontem por vereadores e representantes de movimentos sociais.
Uma das principais reclamações é em relação à composição acionária da empresa. Mesmo sendo uma empresa pública, com a maior parte das ações pertencentes à prefeitura, não há representantes da sociedade no comando da PBH Ativos.

Além do município, são acionistas a Empresa de Informática e Informação do Município de Belo Horizonte (Prodabel), a Empresa de Transportes e Trânsito de Belo Horizonte S/A (BHTrans) e os secretários de Finanças, Marcelo Piancastelli de Siqueira; de Desenvolvimento, Custódio Mattos, de Obras e Infraestrutura, José Lauro Nogueira Terror; de Governo, Josué Valadão, e o procurador-geral do município, Rúsvel Beltrame Rocha. O comando da empresa nega que a indicação de auxiliares próximos a Lacerda como acionistas da PBH Ativos seja ilegal.

Entre os ativos repassados pela prefeitura para a empresa estão 53 dos 120 terrenos que o governo municipal tentou e não conseguiu vender. “Parte seria utilizada para habitação popular”, afirma o vereador Adriano Ventura (PT), que faz oposição a Lacerda. Segundo o diretor-presidente da empresa, que trabalhou no Tesouro Nacional, o objetivo é vender todos os terrenos. Caso não consiga, as áreas poderão ser destinadas à agricultura familiar em projeto que prevê parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Dos 53 terrenos que estão nas mãos da PBH Ativos, pelo menos dois ficam em bairros nobres da capital. Um no Belvedere e outro no São Bento..