Brasília – No fim de 2013, deputados federais e senadores incluíram na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2014 a exigência de que as emendas parlamentares deixassem de ser uma mera autorização de gastos e se tornassem obrigatórias. Era o conhecido “orçamento impositivo”. O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) chegou a chamá-lo de “carta de alforria do parlamento” em um discurso na tribuna. Agora, em 2014, duas portarias interministeriais editadas em fevereiro pela Secretaria de Relações Institucionais (SRI) e pelos ministérios do Planejamento e da Fazenda põem em risco o caráter impositivo da medida, de acordo com nota técnica conjunta lançada pelas consultorias de orçamento da Câmara e do Senado Federal.
O ano eleitoral também agrava a situação, pois as emendas só podem ser liberadas até julho. De acordo com a nota técnica, as portarias são pródigas em prazos apertados para parlamentares e prefeituras, mas não estabelecem prazos para o Executivo liberar o dinheiro. Apesar de obrigatórias, as emendas podem ser contingenciadas por cortes orçamentários. As portarias, entretanto, não indicam claramente como isso seria feito, o que gerou chiadeira entre os parlamentares. “Recebi um ofício do Ministério da Agricultura dizendo que teria 25% das minhas emendas cortadas, e determinando inclusive os municípios. E agora, como vou explicar para os prefeitos? Estamos amargando um prejuízo político por causa disso”, reclamou o deputado Jerônimo Goergen (PP-RS). Em nota, a SRI negou intenção política e disse que as portarias apenas regulamentam o orçamento impositivo tal qual aprovado pelo Congresso.