Brasília – O governo abriu o cofre das emendas parlamentares – foram mais de R$ 4 milhões pagos entre 8 e 11 de março – e agilizou a caneta nas nomeações de cargos, indicando seis ministros de uma só vez para a Esplanada.
Para completar, o Planalto alterou a estratégia em relação ao líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ): em vez do enfrentamento direto, como defendido pela própria presidente no início da semana, ensaia-se, a longo prazo, uma reaproximação, para não perder o apoio da segunda maior bancada da Casa. “Não dá para tentar simplesmente isolar o Cunha. Dilma percebeu que ele tem poder de incendiar a Câmara”, reconheceu um líder alinhado à presidente.
No fim da tarde de ontem, a Secretaria de Comunicação divulgou uma nota nomeando, de maneira conjunta, os seguintes ministros: Neri Geller (Agricultura); Vinicus Lages (Turismo); Gilberto Occhi (Cidades); Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário); Clélio Campolina Diniz (Ciência e Tecnologia) e Eduardo Lopes (Pesca). No Diário Oficial de hoje também aparecerá a nomeação de Beto Vasconcelos como chefe de gabinete da presidente. As posses acontecerão na segunda-feira, às 10 horas.
Geller foi indicado apesar da imensa irritação sentida por Dilma ao saber que o futuro ministro, antes mesmo de ser confirmado no cargo, foi à Câmara “beijar a mão de Eduardo Cunha”, nas palavras de um interlocutor palaciano. “Dilma também ficou possessa com Antonio Andrade (que deixa o cargo) por ter levado o sucessor por esse périplo”, confirmou um peemedebista histórico.
As indicações pacificam diversos setores da base, em uma tentativa da presidente de amainar a crise política que sofre junto aos aliados.
Para atender os interesses do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), Dilma nomeou o assessor internacional do Sebrae, Vinícius Nobre Lages, para o Turismo. Nem o antecessor no cargo, Gastão Vieira, conhecia Vinicius, que foi reitor da Universidade Federal de Alagoas. Nos últimos dois dias, um dos cotados para o cargo era o presidente do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), Ângelo Oswaldo. Ligado ao ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, ele atenderia os interesses do petista de compor com o PMDB mineiro e afastá-lo da órbita do presidenciável Aécio Neves (PSDB-MG). Mas Pimentel conseguiu emplacar o ex-reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Clélio Campolina como ministro da Ciência e Tecnologia.
Os novos ministros
Ciência e Tecnologia
Clélio Campolina
Reitor da Universidade Federal de Minas Gerais
Cidades
Gilberto Occhi
Atual vice-presidente de Governo da Caixa Econômica Federal
Agricultura
Neri Geller
Atual secretário de Política Agrícola do ministério
Desenvolvimento Agrário
Miguel Rossetto
Presidente da Petrobras Biocombustíveis e ex-ministro do Desenvolvimento Agrário (no governo Luiz Inácio Lula da Silva)
Turismo
Vinicius Nobre Lages
Gerente de assessoria internacional do Sebrae
Pesca
Eduardo Lopes
Senador (PRB-RJ)
Da reitoria para a Esplanada
Escolhido para chefiar o Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação, o mineiro Clélio Campolina Diniz (foto) é uma indicação técnica. Ele é reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) desde 2010 e encerra a gestão na próxima semana. Professor aposentado da Faculdade de Ciências Econômicas, tem pós-doutorado na área pela University of Rudgers, nos Estados Unidos. Antes, concluiu mestrado e doutorado pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Desde 2010, Clelio Campolina integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES) da Presidência da República. Atua nas áreas de economia regional, desenvolvimento econômico, economia de tecnologia e economias brasileira e de Minas Gerais, tendo mais de 100 trabalhos publicados no Brasil e exterior..