Hoje, há apenas três no local: os ex-deputados Valdemar Costa Neto e Bispo Rodrigues, ambos filiados ao PL (hoje PR) na época do escândalo, e o ex-assessor do partido Jacinto Lamas. O ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares chegou a ficar detido no local, mas foi transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda justamente devido às suspeitas de receber tratamento diferenciado.
Os condenados na Ação Penal 470 não estão sujeitos à mesma rigidez de regras que os demais. Além de não compartilharem o cardápio dos outros integrantes do sistema prisional, eles costumam ter liberdade para pedir comida por telefone e até entrar com marmitas. Outro ponto comentado pelos detentos comuns é que os mensaleiros costumam ser dispensados da revista. No retorno ao edifício, a depender do plantonista, basta indicar o horário e mostrar os bolsos para terem a passagem liberada.
Alimentação diferenciada e displicência na hora da revista são as regalias mais comentadas entre os detentos.
Um dos momentos em que as distinções ficam mais claras é no retorno deles para o prédio. A revista dos condenados da Ação Penal 470 é um processo bastante diferente, de acordo com os presos comuns. “Eles não pegam fila. A gente pode estar esperando, mas quando eles chegam, passam na frente de todo mundo”, conta um jovem que cumpre pena no local há dois anos e, durante esse período, afirma que é a primeira vez que se depara com tais privilégios. “Enquanto a gente tem que tirar a camisa, a calça, abaixar a cueca, e agachar, eles chegam, dão o horário de entrada, mostram os bolsos e seguem”, relata.
CAMISAS Segundo outro detento, o tratamento depende do funcionário de plantão no momento. “Vai do cara que está responsável pela revista. Às vezes, os mensaleiros também têm que levantar a camisa para passar”, diz. Eles se acostumaram a ver as regras se abrandarem com os presos famosos.
Memória
Feijoada e estacionamento
A Vara de Execuções Penais (VEP) suspendeu, no fim de fevereiro, benefícios externos do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, que, em janeiro, havia sido transferido do Complexo da Papuda para o CPP, depois de autorizado a iniciar o trabalho na Central Única dos Trabalhadores (CUT). Em 28 de fevereiro, Delúbio foi levado de volta para a Papuda sob a justificativa de que teria recebido regalias no cárcere, como feijoada e ser buscado diariamente no pátio do CPP por um carro da CUT. Ainda em fevereiro, o diretor e o vice do CPP caíram depois de desagradar a Delúbio Soares ao mandá-lo retirar a barba, exigência para todos os detentos, e por não permitirem que ele deixe o carro que usa para ir ao trabalho na CUT no estacionamento próprio do presídio. Desde o ingresso dos mensaleiros no sistema penitenciário do DF, a partir de 16 de novembro, começou o entra e sai de parlamentares, amigos e familiares fora dos dias e horários de visita. A Justiça determinou que fosse dado tratamento isonômico aos presos, sem regalias para os mensaleiros..