Brasília – A presidente Dilma Rousseff deu posse nessa segunda-feira aos novos ministros nomeados na semana passada: Gilberto Occhi (Cidades); Neri Geller (Agricultura); Clélio Campolina (Ciência e Tecnologia); Miguel Rosseto (Desenvolvimento Agrário); Vinicius Lage (Turismo); e Eduardo Lopes (Pesca). Mas o PMDB da Câmara cumpriu a promessa e não apareceu na solenidade no Palácio do Planalto. Nem mesmo o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (RN), que, em tese, representa a Casa, não a legenda à qual é filiado, compareceu. “Para que aparecer em uma festa em que você não conhece ninguém? Nós não conhecemos os ministros que estavam tomando posse hoje (ontem)”, disse o deputado Danilo Fortes (PMDB-CE).
Embora tenha feito um discurso muito mais técnico do que nas posses anteriores, Dilma politizou o debate ao dar uma cutucada nos oposicionistas e, de quebra, nos setores do PMDB que estão em disputa aberta com o Palácio do Planalto. “Nós deixamos de ser o país do futuro, e esses brasileiros (ministros) que aqui estão hoje, eles são responsáveis por a gente estar construindo o Brasil do presente”, cutucou a presidente.
Henrique Alves permaneceu no Rio Grande do Norte articulando a própria candidatura ao governo estadual. O mais antigo deputado da Câmara trabalha em uma aliança que envolve até mesmo o PSB de Eduardo Campos, o que deixa os petistas em dúvida se a presidente Dilma Rousseff terá espaço no palanque dele. Caso ele seja realmente candidato em outubro, abre-se espaço para que Eduardo Cunha seja o candidato do PMDB à presidência da Câmara em 2015, o que manterá firme a guerra entre petistas e peemedebistas.
O boicote de congressistas do PMDB à solenidade já tinha sido anunciado na semana passada pelo próprio Eduardo Cunha. A bancada de deputados decidiu não indicar nomes para substituir os ministros da Agricultura (Antonio Andrade) e do Turismo (Gastão Vieira), cargos que lhes caberia por direito.
Já o presidente do Senado, Renan Calheiros (AL), aproveitou a indecisão e conseguiu nomear Vinícius Lage para o Ministério do Turismo. “Renan jogou para dentro e para fora do partido. Internamente, demonstrou solidariedade com os senadores Vital do Rêgo (PB) e Eunício Oliveira (CE), envolvidos indiretamente na reforma ministerial. E ainda consegui nomear um apadrinhado em um ministério”, observou um peemedebista.
Geller não se incomodou com a ausência dos colegas de bancada. “Minha nomeação deve-se aos trabalhos de Antonio Andrade e do senador Blairo Maggi (PP-MT)”. Apesar disso, na semana passada, ele irritou a presidente Dilma ao visitar Henrique Alves e o próprio Eduardo Cunha antes de ter o nome confirmado pelo Planalto.
Ministro que deixou a pasta do Turismo para concorrer em outubro – à reeleição ou ao Senado, não decidiu ainda, o maranhense Gastão Vieira lembra que ele próprio foi bombardeado pelos correligionários no início da gestão. “Hoje, saio com os deputados me apoiando”, respirou aliviado.
Regras para a propaganda
A Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República publicou nessa segunda-feira no Diário Oficial da União uma instrução normativa que regulamenta a publicidade no período eleitoral, de 5 de julho a 5 de outubro deste ano. A publicação proíbe o uso da marca “Brasil. País rico é país sem pobreza”, inclusive em redes sociais, e restringe as propagandas institucionais. Fica permitida apenas a publicidade legal, que se destina a “dar conhecimento de balanços, atas, editais, decisões, avisos e de outras informações dos órgãos e entidades do Poder Executivo Federal, com o objetivo de atender a prescrições legais”..