Brasília - O governo conseguiu nessa terça-feira assegurar o controle sobre a comissão externa da Câmara dos Deputados que acompanhará investigação de denúncias de corrupção na Petrobras. Ela será composta por cinco deputados da base aliada e três da oposição. Dessa forma, os aliados fiéis do Planalto terão por missão tentar neutralizar a estratégia da oposição de desgastar a gestão da presidente Dilma Rousseff com as denúncias de irregularidade na estatal.
Além dos oito integrantes, o grupo terá como coordenador - representando a Mesa Diretora da Casa - o deputado Maurício Quintella (PR-AL), escolha do presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
A criação da Comissão Externa na semana passada foi a primeira retaliação ao governo do chamado “blocão”, grupo insatisfeito com a articulação política do Executivo. Os parlamentares vão tentar obter informações de autoridades holandesa sobre um suposto esquema de pagamento de propina da empresa SBM Offshore a funcionários e intermediários da Petrobrás, em negócios envolvendo fretamento de plataformas.
Para defender o governo, o argumento de deputados da base fiéis ao Planalto é que a comissão terá poucos poderes. “Acho que o resultado vai ser pequeno. O que pode ser feito pela comissão externa pode ser feito por uma comissão permanente da Câmara”, resume o líder do PP, Eduardo da Fonte (PE). Para a base governista, o grupo de oito parlamentares não pode ir à Holanda apenas para “passear”.
A ideia é que amanhã as bancadas apresentem os nomes dos indicados e que eles definam o cronograma de atuação da comissão. A oposição quer que antes mesmo de viajar ao país europeu os parlamentares colham informações sobre o caso em órgãos brasileiros, como a Controladoria-Geral da União (CGU), o Ministério Público, o Ministério da Justiça e a própria Petrobrás.