Avelino Taveiros foi arrolado como testemunha no processo do caso Alstom porque em 10 de julho de 2008 prestou depoimento aos promotores de Justiça, Silvio Antonio Marques e Alexandre Petry Helena, do Ministério Público de São Paulo.
A testemunha relatou a atuação de Cláudio Mendes.
Mendes é um dos 11 réus do processo sobre o suposto esquema de pagamento de propinas da multinacional francesa no setor de energia do Estado, entre 1998 e 2002. A Procuradoria atribui a ele crimes de corrupção ativa e lavagem de dinheiro.
Segundo a ação, em curso na Justiça Federal, Cláudio Mendes teria sido destinatário de 7% a título de “comissão” por ter agido como intermediário do governo de São Paulo com a Alstom, contratada para execução do polêmico projeto Gisel (Grupo Industrial para o Sistema da Eletropaulo), no valor atualizado de R$ 183 milhões. A suspeita sobre o lobista surgiu a partir da citação às iniciais CM em um documento francês que narra a distribuição de propinas no caso Alstom. No mesmo documento surgiram as iniciais RM.
Os investigadores concluíram que CM é Cláudio Mendes e RM é Robson Marinho - conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e ex-chefe da Casa Civil do governo Mário Covas (PSDB), suspeito de ter recebido US$ 1,1 milhão.
Segundo a testemunha, Mendes “era um dos coordenadores que faziam a ligação entre o Governo do Estado de São Paulo e os empresários do setor elétrico”. ”Cláudio Mendes era um dos coordenadores do Governo Quércia e continuou a exercer a mesma função durante o Governo Luiz Antonio Fleury Filho (1991-1994)”, declarou Avelino Taveiros.
Naquela época, disse a testemunha do caso Alstom, “ficou sabendo que a comissão (propina) paga pelos empresários variava entre 10% e 30% do valor das obras contratadas pelo Estado de São Paulo”.
Ainda segundo Taveiros, Cláudio Mendes admitiu a ele que “não entendia muito do setor elétrico”. O lobista teria pedido sua ajuda para ‘conversar com empresários do setor’.
Formado em Ciências Sociais pela USP e sócio da Ockham Holding e Participações Ltda - empresa que faz projetos de infraestrutura de portos, reflorestamento, mineração e geração de energia elétrica -, Mendes disse que nunca trabalhou como lobista.
Ele disse que “não conhece o conselheiro Robson Marinho” e autorizou, na ocasião, a quebra do seu sigilo bancário e fiscal. Assegurou que “nunca intermediou contatos entre representantes de empresas privadas e funcionários públicos de São Paulo ou da União”..