São Paulo - Pré-candidato à reeleição, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) reunirá 400 prefeitos no Palácio dos Bandeirantes na próxima segunda-feira (24) para anunciar a liberação de R$ 250 milhões em convênios provenientes de emendas de deputados estaduais. Com a medida, o tucano tenta acalmar os aliados da Assembleia e reforçar sua imagem no interior.
O evento acontecerá no momento em que o governador enfrenta críticas de sua ampla base na Assembleia - ele tem apoio de aproximadamente 70% dos 94 parlamentares que compõem o Legislativo paulista.
Os parlamentares reclamam que os recursos provenientes de emendas feitas ao Orçamento não estão chegando às bases eleitorais, o que pode comprometer seus projetos políticos. “No meu caso, o que está havendo é retaliação porque meu filho é candidato a deputado federal em Ribeirão Preto, na mesma base do (deputado federal) Duarte Nogueira, que é presidente do PSDB de São Paulo e candidato à reeleição. Por isso minhas emendas não saem”, diz o deputado Rafael Silva, do PDT, que integra a coalizão de apoio a Alckmin.
Ele afirma, ainda, que tem uma pendência de R$ 4 milhões em emendas aprovadas para obras em sua região, mas os recursos estão represados na Casa Civil. “Os deputados que são considerados mais aliados recebem até R$ 40 milhões em emendas”, diz. A praxe na Casa é que cada uma dos 94 deputados deve receber em média R$ 2 milhões. Parlamentares aliados do governador já obstruíram uma votação importante para o PSDB: a que transforma em OS (Organizações Sociais) a Fundação Casa e a o Invest São Paulo.
Oposição
A bancada do PT na Assembleia Legislativa reforça o discurso sobre retaliação ao dizer que os mais atingidos pela demora nas emendas são os parlamentares de siglas que terão candidatura própria a governador em vez de apoiar a reeleição de Alckmin. “Isso não procede. Todos estão reclamando porque houve um atraso que já estão sendo regularizado. Nunca houve privilégios”, diz o deputado Barros Munhoz, líder do PSDB na Assembleia.
Ele alega que a demora se justifica pela demora dos municípios em regularizar a documentação dos convênios. A Casa Civil reforça o argumento e diz que todas as emendas foram liberadas, mas tramitam nas secretarias e aguardam a regularização dos documentos.
O deputado Luíz Cláudio Marcolino, líder do PT na Casa, também criticou ontem a decisão do governo de realizar um evento no Palácios dos Bandeirantes para assinar os convênios com os 400 prefeitos. “Estão fazendo propaganda com o chapéu alheio. Os convênios deviam ser assinados nas próprias cidades”, diz o deputado.
O petista classifica como um “ato de campanha” o evento programado pelo governador.
Alckmin enfrentará em outubro o empresário Paulo Skaf, pré-candidato do PMDB, e o ex-ministro Alexandre Padilha, pré-candidato do PT. O tucano e o petista se encontraram anteontem durante a cerimônia de posse da diretoria da Sociedade Rural Brasileira, que aconteceu na capital paulista. Também participaram do evento o ex-governador José Serra , o ex-governador Fernando Henrique Cardoso e o ex-prefeito Gilberto Kassab.