Serão instaurados cinco inquéritos pela PF, todos ligados a negócios da área Internacional e fechados no passado. A diretoria foi ocupada até 2012 por Jorge Zelada, que teria o aval do PMDB de Eduardo Cunha. Antes de Zelada ocupou o cargo Nestor Cerveró, funcionário de carreira da empresa. Cerveró também era apadrinhado pelo PMDB e contava com o aval do PT de Delcídio Amaral. O agora senador havia sido diretor da Petrobras há cerca de 15 anos e chefe de Cerveró na companhia.
Zelada deixou o cargo depois que Graça Foster assumiu a presidência da empresa. Formalmente, ele renunciou por motivos pessoais.
Investigações internas
Graça abriu investigações para apurar condutas internas. Sob pressão do PMDB em 2012 para emplacar um novo diretor, a executiva decidiu ela mesma assumir a diretoria. Há quase dois anos Graça acumula as funções de presidente e diretora Internacional. Atrás de sua mesa na Avenida Chile, bandejas de escritório perfiladas junto à parede mostram que a Internacional é a diretoria com a pilha mais alta de documentos.
Já nos primeiros meses de gestão, Graça trocou todos os gerentes-executivos da pasta, substituindo-os por funcionários de sua confiança. Os GEs, como são chamados, são na estrutura da estatal os que tocam a empresa no dia a dia.
A Petrobras foi notificada no ano passado sobre investigações criminais, embora não em detalhes. A petroleira não comentou o assunto.
Pasadena
O ponto de partida para a PF foi o caso da compra da refinaria de Pasadena, no Texas (Estados Unidos), cuja suspeita de irregularidade foi relevada em julho de 2012 pelo Broadcast e posteriormente investigada pelo Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU). O prejuízo da companhia com o negócio pode passar de US$ 1 bilhão. Após a conclusão dos trabalhos, o procurador do MP/TCU Marinus Marsico enviou representação ao Ministério Público Federal no Rio MPF/RJ.
O procurador federal da República Orlando Monteiro Espíndola da Cunha (MPF/RJ) abriu investigação criminal em junho do ano passado, depois de o Broadcast revelar um segundo negócio suspeito: um contrato de US$ 825 milhões fechado em 2010 pela estatal com a Odebrecht para serviços em dez países que entrou na auditoria interna da petroleira e foi reduzido quase à metade em 2013.
Segundo a portaria de Cunha, a investigação envolve evasão de divisas, peculato e indício de superfaturamento. Procurado, Cunha disse "desconhecer procedimento formal de investigação no âmbito da Polícia Federal".
Agentes da PF já estiveram pelo menos na Holanda e nos Estados Unidos. As investigações envolvem também países da América Latina. A viagem à Holanda aconteceu antes de vir à tona na imprensa brasileira o terceiro caso, ligado à empresa holandesa afretadora de plataformas SBM.
As investigações ligadas à SBM estão em andamento desde 2012 na Holanda, conduzidas internamente pela empresa e acompanhadas pelo Ministério Público local.