Malhães, que tem 76 anos, foi um dos mais ativos oficiais do Centro de Informações do Exército (CIE), na década de 70. O fato de admitir, pela primeira vez, a ação destinada a dar sumiço no corpo do deputado cassado em 1964 repercutiu na Comissão Nacional da Verdade, que vai convocá-lo para depor nos próximos dias.
Pelo que se apurou até agora, um grupo de militares prendeu o ex-deputado em 20 de janeiro de 1971. No dia seguinte, após ter sido torturado, ele morreu nas dependências do Destacamento de Operações de Informações (DOI). Ainda na noite daquele dia foi montada uma farsa, na tentativa de mostrar que o deputado havia fugido com o apoio de um grupo de terroristas, após um tiroteio na área do Alto da Boa Vista. Segundo Malhães, o corpo foi enterrado inicialmente naquela mesma área. Mas teve de ser desenterrado por causa das obras de uma avenida. Os militares temiam que acabassem revelando o local dos restos mortais.
“Aí, tiraram o cara e levaram para o Recreio e enterraram na areia”, disse o coronel.