Brasília, 23 - Aliados da presidente Dilma Rousseff no Congresso criticaram neste domingo, 23, a mudança do discurso do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que passou a apoiar a criação de uma comissão parlamentar de inquérito (CPI) para investigar a compra da refinaria de Pasadena pela Petrobrás.
A base aliada trabalhará para abortar a tentativa da oposição de instalar a CPI às vésperas das eleições. Liderados por Aécio, os oposicionistas reúnem-se na tarde desta terça-feira, 25, para decidir trabalharão para criar a CPI. De acordo com os aliados de Dilma, os oposicionistas querem palanque com CPI.
Um dos vice-presidentes do PT, o deputado federal André Vargas (PR), afirmou que não há um fato novo para justificar uma investigação parlamentar. Segundo Vargas, FHC, que sempre teve uma "postura mais equilibrada", agora faz "política". "Tudo aquilo que ele não quis fazer, pressionado pelo Aécio Neves agora, está fazendo", disse Vargas, que também é o primeiro vice-presidente da Câmara. "A oposição está radicalizando o discurso porque não consegue emplacar seus candidatos", completou.
O líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM), criticou a mudança de posição do ex-presidente. Conforme Braga, a oposição quer "politizar" e "partidarizar" a Petrobras. Ele disse que o Tribunal de Contas da União (TCU), a Controladoria-Geral da União (CGU), o Ministério Público Federal (MPF) e a Polícia Federal (PF) já investigam supostas denúncias de irregularidades envolvendo a estatal. Ele lembrou que as conclusões da CPI são encaminhadas para o próprio Ministério Público (MP).
"Se nós fizermos uma CPI a esta altura do campeonato, vamos encaminhar para quem?", questionou. "Que tipo de investigação querem fazer sobre a presidenta Dilma? Já querer confundir alhos com bugalhos, a população brasileira não vai aceitar isso", criticou. A base de Dilma é maioria tanto na Câmara quanto no Senado. Para se criar uma CPI mista, desejo dos oposicionistas, é preciso conseguir o apoio de, pelo menos, 171 deputados e 27 senadores.